28.12.09

Vestido com poesia



O vestido que usei no natal é da minha querida flor Bia!
Olhe o site dela e faça a sua encomenda!


http://vestidoscompoesia.blogspot.com                                                                                  


21.12.09

A Casa Dos Budas Ditosos (João Ubaldo Ribeiro)






Não me aguento..mais uma postagem! =)
É que me lembrei deste delicioso e picante livro!

Há todo um misterio ao ler esta obra, pois o autor alega, não ser ficção, mas sim uma historia veridica, segundo Ubaldo. É uma narrativa pouco comum, às vezes chocante, às vezes irônica e sempre provocadora, envolvendo um dos pecados mais indomáveis e capitais: a luxúria.Ele retrata detalhes íntimos de cada atitude sexual que podemos ter e que esta senhora teve.Nos instiga com os nossos secretos desejos que existem guardados em nossos instintos segredos!!!


Quando vários jornais anunciaram que João Ubaldo Ribeiro estava escrevendo um romance sobre a picante luxúria, para a coleção Plenos Pecados, da Editora Objetiva, o escritor foi surpreendido com um misterioso pacote em sua portaria. Eram os originais de "A Casa dos Budas Ditosos", livro que ele agora publica, permitindo a seus leitores conhecerem uma personagem fascinante e excepcional em todos os sentidos: CLB, uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia e residente no Rio de Janeiro, que jamais se furtou a viver – com todo o prazer e sem respingos de culpa – as infinitas possibilidades do sexo.
Seriam as memórias desta senhora devassa e libertina um relato verídico? Ou tudo não passa de uma brincadeira do autor? Nunca saberemos. Importa é que ninguém conseguirá ficar indiferente à franqueza rara desse relato e a seu humor.
Com a maestria que o consagrou como um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos, João Ubaldo Ribeiro nos brinda com esse depoimento "sócio-histórico-lítero-pornô". Um romance impudico e provocador. Às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Um livro, que, não por acaso, ele dedica às mulheres. Mil vezes eu indico esta obra picante!!!

Hummmmmmmmm...O natal está aí!!!!!*





20.12.09

Ai..ai...


Disse que postagens só em janeiro do ano que vem...
Boas festas de novo...eu desejo!=)
Mas lendo o blog do meu querido escritor W. Lial, não aguentei...postei mais uma coisita aqui...rs
aCHO que agora sim..até o ano que vem!
Beijosssssssssssssssssssss
=***





A confissão de lúcio- Mário de Sá Carneiro

j1-5.jpg image by BARROS_BARROSO melhor livro que li neste ano de 2009!
 Sem sombra de dúvida que a desilusão em relação à vida é um tema importante na obra de Sá-Carneiro. É esta desilusão que faz com que o eu lírico tenha sua alma tomada por angústias a ponto de tornar-se estátua, pois a relação que ele estabelece com o mundo é sentida como tormento.
É importante salientar que não só o eu lírico do poema torna-se uma estátua (e tome-se o sentido de estátua como "algo totalmente inanimado"), mas a personagem Lúcio da narrativa também. Entretanto, no primeiro caso o poeta assume-se estátua de forma explícita , enquanto que no segundo isto ocorre de forma implícita (final do último capítulo): Lúcio tornou-se matéria morta em seu interior; tornou-se um ser ainda vivo, porém sem alma, sem esperanças, sem desejos, apenas a esperar a sua derradeira morte física.
Estátua Falsa, assim como A Confissão de Lúcio, são ambas perspassadas do início ao fim por conflitos existenciais: eu lírico/narrador versus mundo e eu lírico/narrador versus poeta. Em ambas as obras, a vida do poeta e das personagens se confunde de tal maneira que torna-se difícil separá-las, e essa é uma das marcas de Sá-Carneiro: a temática de sua obra é também seu conflito pessoal. Assim: a desilusão em relação à vida é a mesma passada por seu eu lírico, por seu narrador e por ele mesmo. 

É inegável que Mário de Sá-Carneiro seja um dos grandes mestres da poesia portuguesa moderna. Dono de uma técnica inigualável, fez do conflito entre o eu lírico e o outro, da inadequação do que sente ao que desejaria sentir, uma das grandes marcas de sua obra. 
Aqui, deixo um breve resumo da obra...



Novela escrita em primeira pessoa, consiste em uma análise do mundo sensorial. Ao modo próximo dos simbolistas, o narrador vai captando as relações mais íntimas do âmbito da percepção, levando esse conjunto de sensações a rever o conceito de realidade e aproximá-la do fantástico. Nesta obra o narrador, um sujeito provinciano está a contemplar a beleza e a riqueza do mundo cultural e urbano de Paris. O protagonista ao fechar num enredo absurdo, um tanto quanto sem lógica, deixa-se condenar por um crime que, a rigor, não cometera, mas tudo isso é fruto de um amor pervertido que o leva a ficar próximo da loucura: “Cumprido dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi.”
Num primeiro momento a história de desenvolve na Paris de 1895. O narrador, Lucio, nos conta do meio artístico e destaca-se nessa narração a figura de Gervásio Vila Nova: escultor, dono de uma conversa envolvente, embora fosse algo “disperso, quebrado, ardido”. Destaca-se ainda, nesse momento, a admiração que vai desenvolver por uma misteriosa americana, mulher rica e linda: “Criatura alta, magra, de um rosto esguio de pele dourada - e uns cabelos fantásticos, de um ruivo incendiado, alucinante.” Por meio dela fica sabendo da chegada de Ricardo Loureiro, poeta cuja obra era muito admirada.
Numa festa promovida por Gervásio, Lúcio é apresentado a Ricardo. Logo da primeira conversa vai se desenvolver uma grande amizade e admiração entre ambos.
A admirada americana ruiva desaparece de cena, Gervásio também encerra aqui sua participação no enredo, uma vez que retorna a Portugal. Enquanto as conversas com os outros tinham um interesse voltado para o intelectual, o conhecimento, as feitas com Ricardo pareciam atingir a alma de Lúcio. Desse amizade nasce uma relação que pode ser representada como sendo uma projeção de Lúcio sobre o outro, Ricardo. Pressente-se um tom de homossexualidade: “Mas uma criatura do nosso sexo, não a podemos possuir. Logo eu só poderia ser amigo de uma criatura do meu sexo, se essa criatura ou eu mudássemos de sexo.”
Ricardo vai para Lisboa, ficam os amigos separados por um ano, trocam-se cinco cartas durante esse período. Em dezembro de 1897 Ricardo retorna a Paris: “As suas feições haviam-se amenizado, acetinado - feminilizado, eis a verdade.” Lúcio sabia, no entanto, que Ricardo havia se casado. Num jantar Lúcio é apresentado a ela, Marta: “Era uma linda mulher loira, muito loira, alta, escultural (....) Cheguei a ter inveja de meu amigo.”
Os três ficaram amigos inseparáveis. Participavam em reuniões de amigos intelectuais e artistas, e nessas se destacava a figura de Sérgio Warginsky, músico russo, que no entanto, vai criar uma impressão negativa e de quase ódio em Lúcio.
Envolvido com sua produção literária, por vezes, Ricardo deixava Lúcio a sós com Marta. Entre situações às vezes constrangedoras que beiravam o limite da amizade, Lúcio começa a se sentir envolvido pela figura de Marta. Até que, enfim, Marta torna-se amante de Lúcio. Lúcio acaba se apaixonando por Marta, apesar de continuar a amizade com Ricardo. Estranhamente Lúcio atenta para alguns detalhes da fala de Ricardo, como quando o amigo lhe diz que ao se observar ao espelho não mais se via: “Ah! Não calcula o meu espanto... a sensação misteriosa que me varou... Mas quer saber? Na foi uma sensação de pavor, foi uma sensação de orgulho.”
Por outro lado, Marta também parecia a Lúcio como uma mulher irreal: “sim, em verdade, era como se não vivesse quando estava longe de mim.” Nada confirmava sua existência além do perfume penetrante que ficava no leito, precisava não mais provar o amor, mas a existência real dessa misteriosa mulher que tanto se entregava a ele e que traía com intensidade o amigo: “As suas feições escapavam-me como nos fogem as das personagens dos sonhos. E, às vezes, querendo-as recordar por força, as únicas que conseguia suscitar em imagem eram as de Ricardo. Decerto por ser o artista quem vivia mais perto dela.”
Depois de algum tempo, Marta torna-se fugidia, demora-se menos com Lúcio, os encontros tornam mais difíceis. Lúcio começa a desconfiar de Marta e desenvolve um sentimento de ciúme. Nas tardes em que apenas encontra o amigo Ricardo, começa a procurá-la desesperadamente. Uma vez seguindo Marta, descobre que ela fora ao apartamento de Sérgio Warginsky. Por essa época, Lúcio terminara uma peça de teatro e começa a andar pelas ruas, em uma dessas andanças encontra Ricardo, este lhe faz uma estranha afirmação, de que Marta é uma criação de Ricardo: “Compreendemo-nos tanto, que Marta é como se fora a minha própria alma,. Pensamos da mesma maneira; igualmente sentimos. Somos nós dois... (...) E ao possuí-la, eu sentia, tinha nela, a amizade que te deveria dedicar.”
Nesta cena alucinante, Ricardo mata Marta, e então Lúcio descobre que um mistério envolvia essa morte: Marta folheava um livro, em pé, ao fundo da casa. Ricardo dá-lhe um tiro à queima roupa: “E então foi o Mistério... o fantástico Mistério da minha vida...
Ó assombro! Ó quebranto! Quem jazia estiraçado junto da janela não era Marta - não! - era o meu amigo, era Ricardo... E aos meus pés - sim, aos meus pés! - caíra o seu revolver ainda fumegante!...”
Marta desaparecera, como uma ilusão, uma névoa.


17.12.09

iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii




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Férias!!!!
Novas postagens em janeiro de 2010!!!!
Beijos e adocem-se!dance01.gif (784 bytes)dance01.gif (784 bytes)dance01.gif (784 bytes)dance01.gif (784 bytes)dance01.gif (784 bytes)

É pra sempre!




Infinito...

Arte

Vale a pena conferir!!!
retirei a informação do site:
http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/marp/i14principal.asp?pagina=/scultura/marp/i14marp.htm

Projeto 79>09 - 30 anos de artes visuais em Campinas e Ribeirão Preto inaugura exposições e hot site

Um projeto de artes visuais sem precedentes se desenvolve simultaneamente em Campinas e Ribeirão Preto. Iniciativa do Portal EPTV.com, com apoio do Ministério da Cultura (MinC) e realização da Direção Cultura e Ateliê Aberto Produções Contemporâneas, 79>09 reúne as obras e os artistas que marcaram e vêm marcando as três últimas décadas da produção artística em ambas as cidades. O resultado dessa compilação poderá ser conferido em duas grandes exposições que abrem dias 20 e 28 de novembro, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi (Marp) e no Museu de Arte Contemporânea de Campinas "José Pancetti" (Macc), respectivamente, com obras selecionadas dos acervos dos museus, além dos próprios artistas e de outras instituições.

Outro grande diferencial do 79>09 é o uso de plataformas digitais para registrar o desenvolvimento do projeto e a criação de um patrimônio imaterial sobre as artes visuais nas duas cidades, com reportagens, entrevistas, artigos, pesquisas, biografias, vídeos, reproduções das obras e making of.

Esse conteúdo pode ser conferido no hot site http://eptv.globo.com/7909/, dentro do Portal EPTV.com, onde também se acessa o blog com os bastidores das entrevistas e processo de curadoria, criando uma interlocução entre curadoria, artistas e público. Mesmo após o encerramento das exposições, o conteúdo virtual criado por equipes de Campinas e Ribeirão Preto poderá ser expandido com a participação direta dos artistas e internautas na construção dessa memória virtual e coletiva, com a inserção de novos textos, críticas, exposições e reproduções de obras. O projeto 79>09 tem curadoria e coordenação geral de Samantha Moreira, com participação do coordenador do Marp, Nilton Campos no projeto em Ribeirão Preto.

Em Ribeirão Preto os artistas que representam esse recorte na exposição são: Adda Prieto, Adriana Amaral, Álvaro Nóbrega, André Costa, Bassano Vaccarini, Célia Soares, Cleido Vasconcelos, Cordeiro De Sá, Dante Velloni, Daré, Eny Aliperti, Eurico Rezende, Fernando Dias, Francisco Amêndola, Gabriel Nehemy, Geraldo Lara, Hélio Martins, Iolanda Marchesi, Ithamar Vugman, Jair Correia, Juliana Cassab, Leonardo Rodrigues, Leonello Berti, Lucas Arantes, Macalé, Marcelo Dias, Marcelo Maimoni, Maurilima, Nívea Martins, Odilla Mestriner, Olavo Senne, Paló, Pedro Manuel-Gismondi, Renata Lucas, Renata Vallada, Renato Andrade, Rubens Salles Guerra, Silvia Jábali, Sofia Borges, Sueli Reis, Theodoro Paterno, Thirso Cruz, Ubirajara Júnior, Vera Barbieri, Waldomiro Sant Anna, Weimar.

E em Campinas, são: Afrânio Montemurro, Alberto Teixeira, Alice Grou, Ana Almeida, Berenice Toledo, Bernardo Caro, Capim- capivara, Cecilia Stelini, Celso Palermo, Clodomiro Lucas, Danilo Perillo, Del Pilar Sallum, Dimas Garcia, Diogo Bueno, Egas Francisco, Emanuel Rubin, Fabio de Bittencourt, Fernando Catani, Filipe Espindola, Francisco Biojone, Fulvia Gonçalves, Geraldo Jurgensen, Geraldo Porto, Gilmar Bartolo, Grupo Antropoantro, Gustavo Torrezan, J. Noboro Ohnuma, João Bosco, João Proteti, José Roberto Shwafaty, Kiko Goifmann, Lucia Fonseca, Luise Weiss, Marcelo Moscheta, Marco Buti, Marco do Valle, Maria Helena Motta Paes, Marilde Stropp,Mario Bueno, Mario Graven Borges, Norma Vieira, Pama Loyola, Paula Almozara, Paula Éster, Paulo Cheida Sans, Paulo Costa, Pedro Hurpia, Raul Porto, Ricardo Cruzeiro, Rosa Morena, Roseno, Sarah Goldmam, Sylvia Furegatti, Thiago Bortolozzo, Thomaz Perina, Vania Mingnone, V-DOC, Vera Ferro, Zay Pereira.



Serviço:



De 20/11 a 17/1/2010 - de terça a sexta-feira, das 9h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h (exceto segundas-feiras). Museu de Arte de Ribeirão Preto "Pedro Manuel-Gismondi" - Marp, Rua Barão do Amazonas, 323, (16) 3635-2421 .



De 28/11 a 11/1/2010 - de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, sábado, das 9h às 16h, domingos e feriados, das 9h às 13h. Museu de Arte Contemporânea de Campinas "José Pancetti" - Macc, Rua Benjamin Constant, 2.633, Centro, 2116-0346.





Galeria de Imagens




Feliz 2010!!!!!

Pela verdade e pelo seu poder,
desejo à todos muita
PAZ, AMOR E HARMONIA!!!!
AH...E SAÚDE TAMBÉM!
Beijos adocicados!!!

Cheiro de natal

Adoro este clima diferente...gosto de ver o ânimo das pessoas...tudo fica mais alegre e especial...

O cheiro é de natal...
aquele cheirinho dos enfeites guardados retirados de ármarios e que deixam nossas casas com um toque natalino que enfeitiça nossas mentes e corações!!!!O natal está chegando...
Época de refletir em nossos sonhos e atitudes que não fora tomadas e as que temos de tomar...
Ficar pertinho daqueles que estão longes...
Momento de presentear!!!!
Momento de alegrar!!!
Natal é assim...nos deixa emotivos...felizes e com a esperança em nossas mentes e alma...
Feliz natal para todos!!!
Beijos doces...

16.12.09

Camisetinhas e devaneios de Ju Padilha

As charlottes e o Lírios


o encanto com o livro e o deslumbramento com as pinturas de van Gogh, continuam rendendo...
desta vez, foram as Charlottes que ganharam as cores da tela "Lírios" (1889), pintada em Saint-Rémy, equanto Vincent esteve internado... a obra é de uma intensidade incrível... e ao mesmo tempo suave... o uso de cores complementares é que dá a energia da tela... da mesma forma, que esta é amenizada pela harmonia dos azuis e violetas...
a vontade que dá é de usar todas as Charlottes juntas...


Gostou?
Entre no blog e faça sua encomenda com a Ju!
http://jupadilha.blogspot.com


13.12.09

Flamenco...uma essência forte e inexplicavél...



 História do Flamenco

O Flamenco possui origens incertas e enigmáticas, sabe-se no entanto, que nasceu na Baixa Andaluzia (região Sul da Espanha). Recebeu influência do povo andaluz e dos povos que para lá imigraram, como os Moriscos, Judeus, Árabes, Indús e Paquistaneses. Esta fusão de culturas tão diversas, com forte influência da cultura dos “gitanos” (povo cigano nômade), originou as raízes da arte Flamenca.

De forma geral, a arte Flamenca possui 3 faces; o “Toque”, o “Cante” e o “Baile”. O “Baile”, no entanto, reúne toda a riqueza da expressão Flamenca, pois integra o “Toque” e o “Cante” a um trabalho rítmico, estético e coreográfico de grande beleza e de profundo sentimento, transformando-o em uma arte de linguagem universal.

O Flamenco é a representação e expressão da história, cultura e sentimento de um povo: o Povo Andaluz.




flamenco é um estilo musical e um tipo de dança fortemente influenciado pela cultura cigana, mas que tem raízes mais profundas na cultura musical mourisca, influência de árabes e judeus. A cultura do flamenco é associada principalmente à Andaluzia na Espanha, e tornou-se um dos ícones da músicaespanhola e até mesmo da cultura espanhola em geral.
O "novo flamenco" é uma variação recente do flamenco que sofreu influências da música moderna, como a rumba, a Salsa, o pop, o rock e o jazz

Originalmente, o flamenco consistia apenas de canto (cante) sem acompanhamento. Depois começou a ser acompanhado por guitarra (toque), palmassapateado e dança (baile). O “toque” e o “baile” podem também aparecer sem o “cante”, embora o canto permaneça no coração da tradição do flamenco. Mais recentemente outros instrumentos como o “cájon” (ou adufe, em português uma caixa de madeira usada como percussão) e as castanholas foram também introduzidos.
Muitos dos detalhes do desenvolvimento do flamenco foram perdidos na história da Espanha e existem várias razões para essa falta de evidências históricas:
  • Os tempos turbulentos dos povos envolvidos na cultura do flamenco. Os mouros, os ciganos e osjudeus foram todos perseguidos pela inquisição espanhola em diversos tempos
  • Os ciganos possuíam principalmente uma cultura oral. As suas músicas eram passadas às novas gerações através de actuações em comunidade
  • O flamenco não foi considerado uma forma de arte, sobre a qual valesse a pena escrever durante muito tempo. Durante a sua existência, o flamenco esteve dentro e fora de moda por diversas vezes.

Granada, o último reduto dos mouros, caiu em 1492, quando os exércitos de Fernando II de Aragão eIsabel I de Castela (os reis católicos) reconquistaram esta cidade após cerca de 800 anos de domínio muçulmano. O Tratado de Granada (1491) foi assinado para assegurar as bases da tolerância religiosa, conseguindo com isso que os muçulmanos se rendessem pacificamente. Durante alguns anos existiu uma tensa calma em Granada e à sua volta, no entanto, à inquisição não lhe agradava a tolerância religiosa relativamente aos judeus e aos muçulmanos e conseguiu convencer Fernando e Isabel a quebrarem o tratado e a forçar os judeus e os mouros a converterem-se ao cristianismo ou deixarem a Espanha de vez. Em 1499, cerca de 50.000 mouros foram coagidos a tomar parte de um batismo em massa. Durante a rebelião que se seguiu, as pessoas que recusaram batizar-se ou serem deportadas para África, foram pura e simplesmente eliminadas. Como consequência desta situação, assistiu-se à fuga de mouros, ciganos e judeus para as montanhas e regiões rurais.
Foi nesta situação social e economicamente difícil que as culturas musicais de judeus, ciganos e mouros começaram a fundir-se no que se tornaria a forma básica do flamenco: o estilo de cantar dos mouros, que expressava a sua vida difícil na Andaluzia, as diferentes “compas” (estilos rítmicos),palmas ritmadas e movimentos de dança básicos. Muitas das músicas flamencas aindas reflectem o espírito desesperado, a luta, a esperança, o orgulho e as festas nocturnas durante essa época. Música mais recente de outras regiões de Espanha, influenciaram e foram influenciadas pelo estilo tradicional do flamenco.
A primeira vez que o flamenco foi mencionado na literatura, remonta a 1774 no livro “Cartas marruecas” de José Cadalso. No entanto a origem do termo “flamenco” continua a ser assunto bastante debatido. Muitos pensam que se trata de um termo espanhol que originalmente significava flamengo (“flamende”). Contudo, existem outras teorias. Uma das quais, sugere que a palavra tem origem árabe, retirada das palavras “felag mengu” (que significa algo como “camponês de passagem” ou fugitivo camponês”).
Durante a chamada época de ouro do flamenco, entre 1869 e 1910, o flamenco desenvolveu-se rapidamente nos chamados “cafés cantantes”. Os dançarinos de flamenco também se tornaram numa das maiores atrações para o público desses cafés. Ao mesmo tempo, os guitarristas que acompanhavam esses dançarinos, foram ganhando reputação e dessa forma, nasceu, como uma arte própria, a guitarra do flamenco. Julián Arcas foi um dos primeiros compositores a escrever música flamenca especialmente para a guitarra.




guitarra flamenca, e a muito parecida guitarra clássica, são descendentes do alaúde. Pensa-se que as primeiras guitarras terão aparecido em Espanha no século XV. A guitarra de flamenco tradicional é feita de madeira de cipreste e abeto, é mais leve e um pouco menor que a guitarra clássica, com o objectivo de produzir um som mais agudo.Em 1922, um dos maiores escritores espanhóis, Federico García Lorca e o compositor de renome Manuel de Falla organizaram a “Fiesta del cante jondo”, um festival de música folclórica dedicada ao “cante jondo”. Fizeram-no a fim de estimular o interesse no flamenco que nessa altura estava fora de moda. Dois dos mais importantes poemas de Lorca, “Poema del cante jondo” e Romancero gitano”, mostram a fascinação que este tinha pelo flamenco.

Categorias do flamenco

O flamenco é atualmente dividido em três categorias:
  • Flamenco Jondo ou flamenco antigo, é a forma mais tradicional do flamenco.
  • Flamenco Clássico, tocado de forma mais moderna que utiliza técnicas novas tanto para a guitarraflamenca quanto para a dança flamenca e para o cante flamenco.
  • Flamenco contemporâneo, trata-se do flamenco jondo e clássico somados ao jazz e ao fusion.


As categorias de flamenco se subdividem em palos. Palos são estruturas rítmicas características do flamenco. Abaixo, alguns exemplos:
• Soleá
• Malagueña
• Bulerias
• Tangos
• Rondeñas
• Rumbas
• Sevillanas
• Alegrias
• Tientos
• Tarantas


Os autores mais conhecidos do flamenco na atualidade são:
Paco de Lucia -> Guitarra flamenca Jondo, Clássica e Contemporânea.
Camarón de la Isla -> Cante flamenco Jondo e Clássico.
Tomatito -> Guitarra flamenca Jondo e Clássica.
Niña Pastori -> Cante flamenco clássico.
José Mercé -> Cante flamenco jondo.
Rocío Márquez -> Cante flamenco.

DANÇA CIGANA






Cigano Pablo


Vivi nesta terra a muito e muito tempo atrás.
Quando vivo, chefiava uma tribo de ciganos que na maior parte do tempo acampava pelas terras de Andaluza, como em minha tribo as tradições eram passadas de geração para geração e de pai para filho, herdei a chefia da tribo ainda jovem de meu pai.
Aprendi tudo que era necessário aprender com os antigos da tribo, que para nós ciganos, são as pessoas mais sábias sobre a face da terra.
Durante o tempo em que chefiei a tribo sempre recorri a eles em busca de sabedoria para solucionar problemas ou quando tinha dúvidas ou quando necessitava tomar qualquer decisão que fosse de maior responsabilidade, nunca gostei de tomar qualquer decisão, sem antes consultar a sabedoria dos antigos.
Quando nasci, fui prometido como todos os ciganos a filha de um dos ciganos da tribo, crescemos juntos e aprendemos a gostar um do outro e assim foi até atingirmos a idade necessária para contrairmos o matrimonio, enquanto isso aprendi com os antigos, todos os truques e todas as magias ciganas.
Tornei-me um grande conhecedor de magias e adquiri um pouco da sabedoria dos antigos.
Chegada à época das núpcias, casamo-nos aos quinze anos de idade, aprendemos juntos como liderar a nossa tribo.
Tivemos três filhos machos.
Segundo a tradição todos foram prometidos e assim seguimos nossos caminhos, com muita alegria e muita fartura.
Trabalhávamos arduamente cada um em seu oficio em prol da coletividade.
Com os filhos crescendo e a nossa felicidade a largos passos, começaram os problemas, o meu primogênito, ao qual cabia substitui-me na liderança da tribo, resolveu rebelar-se contra a nossa tradição, não querendo aceitar o acordo de núpcias feito entre nossa família e a de sua prometida, assim causando um conflito na tribo, como se não bastasse, resolveu envolver-se com outras moças da tribo, causando o desagrado de todos os homens que já se estavam como ele prometidos a essas moças, até que seus atos o levaram a um conflito direto com um dos jovens da aldeia, e pelas leis da tribo, levaram a um duelo pela honra.
Eu já sabia de antemão como terminaria esse duelo, pois, com a sua revolta, o meu filho não quis aprender comigo a arte de duelar, com isso encontrava-se despreparado para o duelo.
Vendo-me com grande dor no coração por saber-me impotente em relação ao fato de também se fazer cumprir a lei da tribo (essa lei nunca havia sido utilizada na tribo).
Tornei-me introspectivo e voltei-me para os antigos em busca de consolo. Sabendo os antigos pelo grande amor que nutria por meu primogênito, mostraram-me que havia uma maneira não muito ortodoxa de poupar o meu filho da morte certa, porem, sendo um bom lutador e tendo o conhecimento da magia do duelo, sabia também que não deveria vencer o jovem.
Assumi o lugar de meu filho (deveria morrer em seu lugar).
E assim fiz, desencarnei nas mãos de um jovem cigano irado com o fato de meu filho ter desonrado a sua prometida.
Deixei em desgraça uma jovem mulher e três filhos rezando a Santa Sara para que cuidasse de todos.
Durante o tempo que me foi permitido velar por minha tribo e minha família, fiquei ao lado de todos tentando colocar algum juízo na cabeça de meu filho, esperando que depois do fato acontecido ele resolvesse aceitar o seu destino, mesmo depois de tudo o que fiz, esse meu filho ainda se rebelou com o que fiz, continuou em sua busca de algo que nem ele sabia o que era.
Nessa sua busca desse algo, foi levando em seus passos o meu segundo filho, que sem o pai, estava completamente envolvido pelo irmão mais velho, tentei de todas as maneiras que pude e me foi permitido, influenciar ao primogênito o sentido de dever, não conseguindo meu intento e vendo que o meu tempo estava se escoando, fiz o que qualquer pai amoroso faria, mudei o meu objetivo para o segundo filho, que com mais jeito que o mais velho aceitou tudo o que eu pude passar para ele.
Descobri então que com o segundo filho, tudo era mais fácil, pois, este já trazia de berço todos os dons que me foram passados por gerações, então investi neste, sempre com o intuito de regenerar o mais velho, indicando ao mais novo o caminho dos antigos, fiz com que este filho conseguisse com o seu carinho trazer o mais velho de volta, pois o segundo filho mostrou-se mais sábio que o pai e abrindo os olhos do primeiro filho o trouxe para o seio da tribo.
Depois de regenerado o meu primeiro filho retomou o seu lugar na tribo, ocupou o meu lugar, o qual o meu segundo filho controlou com muita sabedoria, ate a volta do irmão.
Ai eu pude seguir o meu caminho no astral ate o dia em que pude tornar a encontrar a minha amada, e voltar a montar a minha tribo no astral.

Autor desconhecido.                                                                                                                               

A História do Povo Cigano







O fato do Povo Cigano não ter, até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser a respeito de sua origem está largamente baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.
A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado. E assim, os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e dizem que apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send e de onde foram expulsos por invasores árabes.
Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto. E com respeito à suas crenças, tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.


Depois de vagarem pelas Terras do Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas na história da humanidade que foi feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue. O que não se sabe ainda é se esses eternos viajantes pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia indiana (os parias) ou de uma casta aristocrática e militar, os orgulhosos (rajputs). Independente de qual fosse seu status, a partir do êxodo pelo Oriente, os ciganos se dedicaram com exclusividade a atividades itinerantes: como ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalo, saltimbancos, comerciantes de miudeza e o melhor de suas qualidades que era a arte divinatória. Viajavam sempre em grandes carroças coloridas e criaram nomes poéticos para si mesmos.
No primeiro milênio d.C., deixaram o país e se dividiram em dois ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que chegou até a Síria, o Egito e a Palestina. Existem vários clãs ciganos: o Kalê (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia). São mais de 15 milhões de ciganos em diferentes pontos da Europa, Ásia, África, América, Austrália e Nova Zelândia. Quase sempre os ciganos eram bem recebidos nos países onde chegavam. Os chefes das tribos apresentavam-se de forma pomposa, como príncipes, duques e condes (títulos, aliás inexistentes entre os ciganos). Diziam-se peregrinos cristãos vindos do Egito e, assim obtinham licença das autoridades locais para se instalarem.
Ao contrário do que muitos pensam, o Povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao longo do seu pacífico caminhar. Na Moldávia e na Valáquia (atual Romênia), os ciganos foram escravizados durante trezentos anos; na Albânia e na Grécia pagavam impostos mais altos. Na Alemanha, crianças ciganas eram tiradas dos pais com a desculpa de que "iriam estudar", enquanto a Polônia, a Dinamarca e a Áustria puniam com severidade quem os acolhesse. Nos países baixos inúmeros ciganos foram condenados à forca e seus filhos obrigados a assistir à execução dos pais para que assim aprendessem a "lição de moral". Apenas no país de Gales eles tiveram espaço para manter parte das suas tradições e a língua.
Os ciganos chegados em Andaluzia no séc. XV vieram do norte da Índia, da região do Sind (atual Paquistão), fugindo das guerras e dos invasores estrangeiros (inclusive de Tamerian, descendente de Gengis Khan) eles encontraram facilidades e estabeleceram-se. Mesmo assim, durante a inquisição católica, vários deles foram expulsos pelos tribunais do Santo Ofício. . As tribos do Sind se mudaram para o Egito e depois para a Checoslováquia, Rússia, Hungria e Polônia, Balcãs e Itália, França e Espanha. Seus nomes se latinizaram (de Sindel para Miguel; de András para André; de Pamuel para Manuel, etc.). O primeiro documento data a entrada dos ciganos na Espanha em 1447. Esse grupo se chamava a si mesmo de "ruma calk" (que significa homem dos tempos) e falavam o Caló (um dialeto indiano oriundo da região do Maharata). Eles trouxeram  a música, a dança, as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do "flamenco", tanto que essa palavra vem do árabe "felco" (camponês) e "mengu" (fugitivo) e passou a ser sinônimo de "cigano andaluz" à partir do séc. XVIII.
Porém de acordo com a Tradição Cigana, a teoria mais freqüente sobre a origem do Povo Cigano, é que após um período de adaptação neste planeta, os ciganos teriam surgido do interior da Terra e esperam que um dia possam regressar ao seu lar. Existem lendas que falam que os ciganos seriam filhos da primeira mulher de Adão, Lilith, e, portanto, livres do pecado original) e por isso eles não aceitam de modo algum ser empregados dos "gadjé" (não-ciganos) e apegam-se a antigas profissões artesanais que caracterizam suas tribos e são ensinadas desde cedo às crianças.


O Povo Cigano é guardião da LIBERDADE. Seu grande lema é: "O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião", traduzindo um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas. A vida é uma grande estrada, a alma é uma pequena carroça e a Divindade é o Carroceiro.
Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas. Rotulados injustamente como ladrões, feiticeiros e vagabundos, os ciganos tornaram-se um espelho onde os homens das grandes cidades e de pequenos corações expiaram suas raivas, frustrações e sonhos de liberdade destruídos. Pacientemente, este povo diferenciado, continuou sua marcha e até hoje seus estigmas não sararam.
Na verdade cigano que se preza, antes de ler a mão, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia para o Povo Cigano não é um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino.
A família é a base da organização social dos ciganos, não havendo hierarquia rígida no interior dos grupos. O comando normalmente é exercido pelo homem mais capaz, uma vez que os ciganos respeitam acima de tudo a inteligência. Este homem é o Kaku e representa a tribo na Krisromani, uma espécie de tribunal cigano formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade, com a função de punir quem transgride, a rígida ética cigana. A figura feminina tem sua importância e é comum haver lideranças femininas como as phury-day (matriarca) e as bibi (tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas importantes por meio da leitura da sorte.
Esse povo canta e dança tanto na alegria como na tristeza pois para o cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã. Onde quer que estejam, os ciganos são logo reconhecidos por suas roupas e ornamentos, e, principalmente por seus hábitos ruidosos. São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade. São tão peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema. 
O líder de cada grupo cigano, chama-se Barô/Gagú e é quem preside a Kris Romanis (Conselho de Sentença ou grande tribunal do povo rom) com suas próprias leis e códigos de ética e justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos. O mestre de cura (ou xamã cigano) é um Kakú (homem ou mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles usam ervas, chás e toques curativos. Os ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação (mas não incorporam nenhum espírito ou entidade). Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças.
O misticismo e a religiosidade, fazem parte de todos os hábitos da vida cigana. A maior parte deles acredita em um único deus (Dou-la ou Bel) em eterna luta contra o demônio (Deng). Normalmente, assimilam as religiões do lugar onde se encontram, mas jamais deixam de lado o culto aos antepassados, o temor dos maus-olhados, a crença na reencarnação e na força do destino (baji), contra a qual não adianta lutar. O mais importante para o Povo Cigano é interagir com a Mãe Natureza respeitando seus ciclos naturais e sua força geradora e provedora. Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano, é a santa por quem nutrem o mais devotado amor e respeito, chamada Santa Sara Kali. Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como a Mãe Universal, a Alma Mater, a Sombra da Morte. Sua pele é negra tal como Shiva.
y_kalism.jpg (12957 bytes)Para os ciganos, Sara, santa venerada, possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra. Ela distribui bênçãos ao povo, patrocina a família, os acampamentos, os alimentos e também tem força destruidora, aniquilando os poderes negativos e os malefícios que possam assolar a nação cigana. Seu mistério envolve o das "virgens negras", que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como "Saintes Maries de La Mer", transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano. 


Quase todos são devotos de "Santa Sara", que é reverenciada nos dias 24 e 25 de maio, em procissões que lotam Lês Saints Maries de La Mer, em Camargue, no Sul da França. Através de uma longa noite de vigília e oração, pelos ciganos espalhados no mundo inteiro, com candeias de velas azuis, flores e vestes coloridas; muita música e muita dança, cujo simbolismo religioso representa o processo de purificação e renovação da natureza e o eterno "retorno dos tempos".
A sexualidade é outro ponto importante entre os ciganos. E, ao contrário do que se imagina, eles têm uma moral bastante conservadora. Alguns mitos antigos falam da existência das mães-de-tribo, que tinham um marido e um "acariciador". Outros falam das gavalies de la noille, as misteriosas noivas do fim de noite, com quem os kakus se encontravam uma única vez, passando desde então, a ter poderes especiais. Mas o certo mesmo é que os ciganos se casam cedo, quase sempre seguindo acordos firmados entre as duas famílias. Não recebem nenhum tipo de iniciação sexual e ter filhos é a principal função do sexo. Descobrir os seios em público é comum e natural, mas nenhuma mulher pode mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas são merimé (impuras). Vem daí a imposição das saias compridas e rodadas para as mulheres, que também são proibidas de cortar os cabelos, e nunca sentam à mesma mesa que os homens. Ironicamente, como praticantes da magia e das artes divinatórias, são elas que cada vez mais assumem o controle econômico da família, pois a leitura da sorte é a principal fonte de renda para a maioria das tribos. O resultado é uma situação contraditória, em que o homem manda, mas é a mulher quem sustenta o grupo.
As crianças ciganas normalmente só freqüentam até o 1o. Grau nas escolas dos gadjés (não-ciganos), para aprenderem apenas a escrever o próprio nome e fazer as quatro operações aritméticas. A maioria das crianças não vai à escola com receio do preconceito existente em relação a elas. Claro que com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos, disfarçadamente, estão  freqüentando as universidades e até ocupando cargos de importância na vida pública do país e já chegaram até à Presidência da República. (Washington Luiz e Juscelino Kubitshek).


Para o Povo Cigano, a Lua Cheia é o maior elo de ligação com o "sagrado", quando são realizados mensalmente os grandes festivais de consagração, imantação e reverenciação à grande "madrinha". A celebrações da Lua Cheia, acontecem todos os meses em torno das fogueiras acesas, do vinho e das comidas, com danças e orações. Também para os ciganos tudo na vida é "maktub" (está escrito nas estrelas), por isso são atentos observadores do céu e verdadeiros adoradores dos astros e dos sidéreos. Os ciganos praticam a Astrologia da Mãe Terra respeitando e festejando seus ciclos naturais, através dos quais desenvolvem poderes verdadeiramente mágicos.
Para uma kalin (cigana kalon), descendente desse povo, essa é uma hora em que precisamos estar atentos e vigilantes para ouvirmos uma espécie de "chamado mítico" que a dura realidade planetária está nos fazendo, e, nos unirmos em corpo e espírito com as forças maiores que regem esse universo.
Os Ciganos são "povos das estrelas" e para lá voltarão quando morrerem ou quando houver necessidade de uma grande evacuação. Há milênios eles vem cumprindo sua missão neste Planeta, respeitando e reverenciando a Mãe Natureza, trocando e repassando conhecimento. Eles pregam a necessidade urgente  de pisar na superfície desse lindo "planeta água" (símbolo da emoção e da sensibilidade que preenche nossos corações) observando não só a violência praticada contra as minorias, como também os incríveis gestos de solidariedade humana mostrados via satélite ou pela Internet, na mesma velocidade da luz ou do pensamento humano, nessa era de virtualidade nem um pouco caracterizada pelas mais elementares virtudes.
moon.jpg (15955 bytes)OBS.: Parte deste texto foi retirada de uma Palestra apresentada pela Cigana Sttrada ( do clã Kalon) na 7ª edição do "Encontro para a Nova Consciência", em Fevereiro de 1998, em  Grande-PB.