31.1.10

Fazeste-me a graça

Amando.

Nunca pensei ter entre minhas coxas, um deus
Sem que eu pedisse me faz, sempre
uma graça...
Me magnifica

De surpresa, fico de joelho
em posição devota.
O pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.

Não te vejo não te escuto, não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.

Amando.

Nunca pensei ter entre minhas coxas um deus.

Aline

Porta do prazer

A que se bate suavemente
seu convite é um prazer ao fogo
e com isso...
Ah! com isso,
muito mais prazer.

Amor
completo se é
quando se sabe
quando se pode inventar.

Ardor
mordente
fome
cheiro
suor
fogo.

"Fome de conhecimento pelo gozo",
diz meu caro Drummond.
Eu?
Simplesmente concordo.

Aline

30.1.10


Goethe Galeria de Fotos


Goethe viveu aqui de 1782 até sua morte em 1832

Casa de campo de Goethe, às margens do rio Ilm

O escritório de Goethe em sua casa de Campo

Outro ângulo da casa de campo, onde Goethe viveu de 1776 a 1782

Sala de estar da casa de Goethe, em Weimar

Mausoléu de Goethe e Schiller, em Weimar

Busto em gesso de Goethe
(Friedrich Tieck, 1801)

Goethe em 1773
Copyright © Arnaldo Poesia
All rights reserved.

Pride & Prejudice (When You Love Someone)


Orgulho e preconceito


28.1.10

Boca

Fogo
baba de delícias
Dádiva.

Boca sábia
impaciente
Apaixonada.

Boca santa
mimosa
Bebe.

Beijos
que me matam
Beijos.

Beijos
que fazem eu viver.
Beijos.

Dizia Drummond:
" Já sei a eternidade:
é puro orgasmo.".

Aline

26.1.10

Trilogia da Paixão


Obra-prima em três poemas
Goethe aparece nessa obra com três poemas que, juntos, são conhecidos como "Trilogia da Paixão" — A Werther, Elegia e Reconciliação —. O mais famoso deles é "Elegia", que depois passou a ser conhecido como "Elegia em Marienbad". Foi escrito quando Goethe estava com 74 anos e se apaixonou por uma jovem de 19 anos, Ulrike von Levetzow. Pediu-a em casamento, mas Ulrike disse não. O resultado está aqui:
Ulrike von Levetzow
~ Ulrike von Levetzow ~
~ Elegia ~
E quando o homem emudece em seu tormento
A mim me deu um deus dizer tudo o que sofro.

Que hei de esperar agora para tornar a vê-la,
Da flor ainda fechada deste dia?
O paraíso, o inferno estão-te abertos;
Que oscilantes sentimentos no teu peito! —
Não há como duvidar! Ei-la à porta do céu,
É Ela que te eleva e te acolhe em seus braços.

Foste assim recebido então no Paraíso,
Como se merecesses vida eterna e bela;
Não te ficou desejo esperança ou anseio,
Tinha aqui o seu termo a aspiração mais íntima.
E na contemplação desta única beleza
Logo a fonte secou das lágrimas saudosas.
Como o dia agitava as suas asas céleres
E parecia levar ante si os minutos!
O beijo da tardinha, selo fiel a unir:
E assim será ainda para o sol de amanhã.
As horas, semelhantes no seu fluir brando,
Como irmãs eram, mas nenhuma igual às outras.
Esse último beijo, doce e cruel, rompeu
Enredo esplêndido de amores entrelaçados.
Meu passo ora se apressa, ora pára, e evita
O limiar, como expulso por anjo de fogo;
O olhar fixa desanimado o caminho sombrio,
Volta-se ainda para trás, vê a porta fechada.
E sobre si fechado agora, o coração,
Como se jamais se abrira, e horas felizes,
Rivais em brilho dos astros todos do céu,
Não tivesse sentido nunca ao lado dela;
E desgosto, pesar, censura, pesadelo
O carregam neste ambiente que o sufoca.
Pois não te resta ainda o mundo? Estes rochedos
Não estão eles coroados de sagradas sombras?
Não amadurece os frutos? Um campo verde
Não corre à beira do rio entre bosques e prados?
E não se arqueia essa Grandeza além dos mundos,
Ora rica de formas, ora em breve sem formas?
Quão leve e graciosa, em tecido claro e suave,
Qual Serafim, de entre o coro de nuvens pesadas,
Como que igual a Ela, no céu azul,
Forma esbelta paira de aroma resplandecente;
Tal qual tua a viste bailar em dança alegre,
Das formas adoráveis a mais adorável.
Mas é só por momentos que atrever-te podes
A reter em vez dela um etéreo fantasma;
Regressa ao coração! Melhor a encontrarás,
É lá que Ela se move em figuras mudáveis;
Em muitas se converte a Forma Uma,
Em milhares delas, cada vez mais querida.
Como para receber-me Ela esperava à porta,
E, degrau a degrau, me levava à Felicidade;
Depois do último beijo me alcançava ainda
Para me premir nos lábios o último de todos:
Tão nítida, tão viva fica a imagem da Amada
Inscrita com chamas no coração fiel.
No coração, firme qual muralha de castelos
Que para Ela se guarda e dentro em si a guarda,
E por Ela se alegra ao sentir que ainda vive,
E só sabe de si quando Ela se revela,
E se sente livre em prisões tão amadas,
E não luta senão de gratidão por Ela.
Se apagadas estavam dentro de mim
A capacidade e a precisão de amar,
O desejo de esperança de alegres projetos,
De decisões, de ação veloz, logo voltou!
E se o amor jamais deu ânimo ao amante,
Ficou provado em mim do modo mais amável;
E só graças a Ela! — Que íntimo temor
De importuno peso dentro da alma e do corpo!
O olhar rodeado de imagens horrorosas
Na aridez de um coração deserto e oprimido;
Eis que alvorece a esperança à porta conhecida,
E Ela mesma aparece à luz de um sol suave.
À paz de Deus, que aqui na terra vos concede
Mais ventura que a razão — dizem os livros —
Comparo esta paz serena do amor
Na presença do ser entre todos amado;
Repousa o coração, nada vem perturbar
Este profundo sentir de só lhe pertencer.
No mais puro do peito uma ânsia se agita
De espontâneos nos darmos só por gratidão
A alguma coisa de mais alto, puro, desconhecido,
Que em nós resolve o Enigma Inominado;
Chamamos-lhe: Piedade! — Esse êxtase feliz
Sinto-o dentro de mim quando estou perante Ela.
Ao seu olhar, como ao do sol que nos governa,
Ao seu hálito, como às brisas primaveris,
Funde, bem rígido de gelo que estivesse,
O egoísmo no fundo de antros hibernais;
Nem interesse mesquinho ou vontade que durem,
Tudo isso o vento leva quando Ela vem.
É como se Ela dissesse: “Hora após hora
Se nos oferta amigável a vida;
Do que ontem passou bem pouco já sabemos;
O que amanhã virá é proibido sabê-lo;
E sempre que ao cair da noite tive medo,
Ao pôr-do-sol eu via ainda algo que me alegrava.”
“Faz pois como eu faço e olha, alegre e sensato,
O momento de frente! Sem qualquer demora!
Acolhe-o depressa, benévolo e vivaz,
Quer para a alegria na ação, quer para o amor;
Onde tu estejas, sê tudo, infantil sempre,
E assim serás tudo, e serás invencível.”
Bem fácil te é falar — pensei —; pois um deus
Te deu por companhia a graça do instante,
E cada qual se sente, em tua graciosa presença,
Mesmo nesse momento o dileto dos Destinos;
Assusta-me o sinal que me manda afastar-me
De ti - para quê tão alta sabedoria?!
E agora estou longe! Ao minuto presente
O que é que lhe convém? Não saberia dizê-lo;
Com a beleza me oferece ele muitas coisas boas
Que apenas pesam, e tenho que repeli-las;
Uma ânsia indomável faz-me andar errante,
E lágrimas sem fim é tudo o que me resta.
Ora brotai então! E correi sem parar,
Que este fogo interior sufocar não podeis!
Violento furor me dilacera o peito
Onde a vida e a morte ferem luta feroz.
Para as dores do corpo, sim, remédios encontraria;
Mas ao espírito falta a decisão, o querer,
O poder compreender: — Como passar sem Ela?
E vai repetindo mil vezes essa imagem,
Que ora paira hesitante, ora lhe é arrancada,
Ora confusa, ora brilhante em pura luz;
Como poderia dar-me o mínimo conforto
Este fluxo e refluxo, este vir e partir?

Abandonai-me aqui, meus fiéis companheiros!
Deixai-me ao pé do precipício, entre o pântano e o musgo;
Segui vosso caminho! Olhai o mundo aberto.
A imensa terra, o céu sublime e grande;
Observai, procurai, colecionai os fatos,
Balbuciai o mistério da Natureza.
Para mim perdeu-se o Todo, eu mesmo me perdi,
Eu, que há bem pouco fui o preferido dos deuses;
À prova me puseram, deram-me Pandora,
De bens tão rica, mais rica ainda de perigos;
Impeliram-me para a boca dadivosa,
Separaram-me dela, e assim me aniquilam.


 Bibliografia: Hegel, Georg Wilhelm Friedrich. Estética – A Idéia e o Ideal, Estética – O Belo Artístico ou o Ideal. Hamburgo, Alemanha, 1999 – Tradução de Arnaldo Poesia. – Bösch, Bruno (org.). História da Literatura Alemã. São Paulo, Herder/EDUSP, 1967. – Centelha – Promoção do Livro, SARL, Coimbra, Portugal, 1986.


Goethe




~ Leitura de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" ~
(1774, romance epistolar)


Um certo estado de alma, um sentimento particular, pode apossar-se de um poeta e impor-lhe, por assim dizer, a expressão e a representação, numa forma minuciosa ou resumida, de sentimentos que se referem a circunstâncias e eventos exteriores: festas, vitórias, etc. O exemplo mais típico deste gênero é dado pelas Odes de Píndaro que são, no sentido mais autêntico da palavra, poesias de circunstância. Goethe, por sua vez, utilizou muitas situações deste gênero e até se pode, alargando o quadro, considerar Werther como um poema de circunstância.
Ao escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe produziu uma obra de arte a que deu, como conteúdo, as suas próprias aflições e seus tormentos, os seus próprios estados de alma, procedendo como todo poeta lírico que, ao procurar aliviar o coração, exprime aquilo de que é afetado enquanto sujeito. Graças a isso, o que era interior imobilidade acha-se livre e transforma-se num objeto exterior de que a pessoa se libertou. Do mesmo modo as lágrimas servem de derivativo à dor do que, por assim dizer, se esvai através delas. Como ele mesmo o disse, Goethe escreveu o Werther para se libertar da angústia íntima, e conseguiu-o.
Em tais situações líricas, pode refletir-se, por um lado, um estado objetivo, uma atividade referenciada ao mundo exterior, e, por outro lado, um estado da alma que, desligando-se de tudo o que é exterior, regressa a si mesma e torna-se o ponto de partida de estados internos e de sentimentos profundos.
Werther
Werther
Ilustração de Nicolas Chodowiecki


~ Leia um capítulo ~
Primeira parte
“Juntei cuidadosamente tudo quanto me foi possível recolher a respeito do pobre Werther, e aqui vos ofereço, certo de que me agradecereis. Sei, também, que não podereis recusar vossa admiração e amizade ao seu espírito e caráter, vossas lágrimas ao seu destino.
E a ti, homem bom, que sentes as mesmas angústias do desventurado Werther, possas tu encontrar alguma consolação em seus sofrimentos! Que este pequeno livro te seja um amigo, se a sorte ou a tua própria culpa não permitem que encontres outro mais à mão!”
(Goethe, na apresentação de Os Sofrimentos do Jovem Werther)

Maio, 4
Alegre, eu, por haver partido! Meu caro amigo, que é então o coração humano? Separar-me de você, que tanto estimo, você, de quem eu era inseparável, e andar contente! Mas eu sei que me há de perdoar. Longe de você, todas as minhas relações não parecem expressamente escolhidas pelo destino para atormentar um coração como o meu? Pobre Leonor! E, no entanto, eu não sou culpado. Cabe-me alguma culpa se, procurando distrair-me com as suas faceirices, a paixão nasceu no coração da sua irmã? Entretanto... serei eu inteiramente irrepreensível? Não procurei alimentar os seus sentimentos? Eu mesmo não me divertia com o seu modo inocente e sincero de expressá-los, que tantas vezes nos fez rir, quando na verdade não havia motivos para riso? Não... Que é o homem, para ousar lamentar-se a respeito de si mesmo? Meu amigo, prometo emendar-me. Não mais, como foi sempre meu costume, repisarei os aborrecimentos miúdos que a sorte nos reserva. Quero fruir o presente e considerar o passado como o passado. Você tem razão: os homens sofreriam menos se não se aplicassem tanto (e Deus sabe por que eles são assim!) a invocar os males idos e vividos, em vez de esforçar-se por tornar suportável um presente medíocre.
Tenha a bondade de dizer à minha mãe que me ocuparei, da melhor forma possível, do negócio de que ela me incumbiu e mandarei notícias dentro em breve. Avistei-me com minha tia; não a achei tão má como a pintam em nossa casa. É uma mulher vivaz, arrebatada, mas de excelente coração. Expus-lhe os prejuízos causados à minha mãe pela retenção da parte que lhe cabe na herança; minha tia contou-me os motivos, dizendo-me as condições mediante as quais está disposta a enviar-nos tudo quanto reclamamos, e até mais alguma coisa. A respeito, é o que há por hoje; fale à minha mãe que tudo se arranjará. Esse pequeno caso, meu amigo, demonstrou-me, ainda uma vez, que os mal-entendidos e a indolência talvez produzam mais discórdias no mundo do que a duplicidade e a maldade; pelo menos, estas duas últimas são mais raras.
Quanto ao resto, sinto-me aqui perfeitamente bem. A solidão, neste verdadeiro paraíso, é um bálsamo para o meu coração sempre fremente, que transborda ao calor exuberante da primavera. Cada árvore, cada jardim forma um tufo de flores, e a gente têm vontade de transformar-se em abelha para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o único alimento.
A vila, em si mesma, é pouco agradável, mas em compensação os arredores oferecem belezas naturais indescritíveis. Foi o que decidiu o finado Conde de M... a construir seu jardim sobre uma das colinas, que se entrecruzam de modo variado e encantador, formando encostas e vales deliciosos. O jardim é simples; aí penetrando, sente-se logo que não foi um hábil jardineiro quem lhe traçou o plano, mas um coração sensível, desejoso de concentrar-se em si mesmo naquele recanto. Já consagrei mais de uma lágrima à memória do conde, no pequeno pavilhão em ruínas, seu retiro predileto, e que é também o meu. Dentro em pouco serei o dono do jardim. O jardineiro, nestes poucos dias, já se fez meu amigo e não há de arrepender-se.
Maio, 10
Minha alma inunda-se de uma serenidade maravilhosa, harmonizando-se com a das doces manhãs primaveris que procuro fruir com todas as minhas forças. Estou só e abandono-me à alegria de viver nesta região criada para as almas iguais à minha. Sou tão feliz, meu amigo, e de tal modo mergulhado no tranqüilo sentimento da minha própria existência, que esqueci a minha arte. Neste momento, ser-me-ia impossível desenhar a coisa mais simples; e, no entanto, nunca fui tão grande pintor. Quando, em torno de mim os vapores do meu vale querido se elevam, e o sol a pino procura devassar a impenetrável penumbra da minha floresta, mas apenas alguns dos raios conseguem insinuar-se no fundo deste santuário; quando, à beira da cascata, ocultas sob arbustos, descubro rente ao chão mil diferentes espécies de plantas; quando sinto mais perto do meu coração o formigar de um pequeno universo escondido embaixo das folhagens, e são insetos, moscardos de formas inumeráveis cuja variedade desafia o observador, e sinto a presença do Todo Poderoso que nos criou à sua imagem, o sopro do Todo-Amante que nos sustenta e faz flutuar num mundo de tenras delícias; então, meu amigo, é quando o meu olhar amortece, e o mundo em redor, e o céu infinito adormecem inteiramente na minha alma como a imagem da bem-amada; muitas vezes, então, um desejo ardente me arrebata e digo a mim mesmo: “Oh! Se tu pudesses exprimir tudo isso! Se pudesses exalar, ao menos, e fixar no papel tudo quanto palpita dentro de ti com tanto calor e plenitude, de modo que essa obra se tornasse o espelho de tua alma, como tua alma é o espelho de Deus!...” Meu amigo! Este arroubamento me faz desfalecer; sucumbo sob a força dessas visões magníficas.
Maio, 12
Não sei se os espíritos enganadores visitam estes lugares, ou se é meu ardente coração que produz esta ilusão celestial; tudo o que me cerca parece um paraíso. Nos arredores da vila encontra-se uma fonte para a qual, como Melusina e suas irmãs, atrai uma espécie de enfeitiçamento. Descendo uma colina, a gente estaca diante de um arco; embaixo, ao fim de vinte degraus, a água brota, cristalina, de um bloco de mármore. O muro que a envolve um pouco mais no alto, as grandes árvores que lhe sombreiam os arredores, a frescura desse local, tudo isso fascina e ao mesmo tempo causa um frêmito misterioso. Não há dia em que eu não repouse ali, pelo menos uma hora. Vejo as moças que saem da vila para buscar água, a mais comum e a mais necessária das tarefas, outrora praticada pelas próprias filhas dos reis. Quando fico sentado naquele lugar, é como se em redor de mim ressurgissem os costumes patriarcais, os tempos em que os nossos ancestrais se conheciam e noivavam juntos dos poços, e os gênios benfazejos adejavam em torno das fontes e nascentes. Aquele que for incapaz de sentir isto como eu jamais bebeu novas forças na água fresca de uma fonte, depois de uma penosa caminhada a pé, em pleno verão!
Maio, 15
A gente humilde do lugar já me conhece e estima, sobretudo as crianças. A princípio, quando os abordava e interrogava, amigavelmente, a respeito disto ou daquilo, alguns, supondo que era para troçar deles, me repeliam rudemente. Eu não desistia; porém, isto me fez sentir mais vivamente a verdade de uma observação por mim muitas vezes feita. As pessoas de condição elevada mantêm habitualmente uma fria reserva para com a gente comum, só pelo temor de diminuir-se com essa aproximação. Além disso, há os imprudentes que só fingem condescendência para melhor ferir, com seus modos arrogantes, a gente humilde.
Bem sei que não somos, nem podemos ser todos iguais; sustento, porém, que aquele que julga necessário, para se fazer respeitar, distanciar-se do que nós chamamos povo é tão digno de lástima como o covarde que se esconde à aproximação do inimigo, de medo de ser vencido.
Ultimamente, ao vir à fonte, aí encontrei uma jovem criada que havia depositado o seu pote no último degrau, aguardando uma companheira que a ajudasse a pô-lo à cabeça. Desci e perguntei-lhe, encarando-a: “Quer que a ajude, minha filha?” Ela ruborizou-se: “Oh, não, senhor!” Respondi-lhe: “Vamos, sem cerimônia!” Ela ajeitou a rodinha, ajudei-a; a moça agradeceu-me e lá se foi, escada acima.
Maio, 17
Tenho feito toda a sorte de relações, mas ainda não encontrei a sociedade. Não sei o que em mim atrai todo mundo: são tantos os que a mim se prendem que chego a aborrecer-me por não poder dar a todos maiores atenções.
Se você me perguntar como é a gente daqui, serei forçado a responder: “A mesma de toda a parte”. Como a espécie humana é uniforme! A maioria sofre durante quase todo o seu tempo, apenas para poder viver, e aos poucos lazeres que lhe restam são tão cheios de preocupações que ela procura todos os meios de aliviá-las. Oh!, destino do homem!
Apesar disso, são excelentes pessoas. Muitas vezes chego a esquecer-me de mim mesmo para participar, com elas, dos prazeres acessíveis às criaturas humanas; uma alegre reunião em torno da mesa modestamente servida, onde reina a cordialidade mais franca; uma excursão de carro, um baile improvisado etc. Sinto-me muito bem nesse meio, contanto que não me lembre de um mundo de aspirações adormecidas no mais íntimo do meu ser, entorpecendo-se pela inação, e que eu preciso ocultar com todo o cuidado. Ah! Como isso me aperta o coração! E, no entanto, ser incompreendido é o destino de todos aqueles que se parecem comigo.
Ah! Por que a amiga da minha juventude está morta? Por que cheguei a conhecê-la? Poderia dizer a mim mesmo: “És um insensato em busca daquilo que não se encontra neste mundo.”
Mas eu o encontrei, senti junto de mim um coração, uma alma eleita, junto dos quais eu acreditava superar-me, tornando-me tudo aquilo que serei capaz de ser. Ó grande Deus, haverá, então, uma só das faculdades da minha alma que não possa ser aproveitada? Perante ela, não podia eu desdobrar inteiramente esta maravilhosa sensibilidade graças à qual meu coração envolve toda a natureza? Não ofereciam nossas conversações uma constante mistura dos mais delicados sentimentos e do mais agudo espírito, assinalando-se em todas as sua modalidades, até na impertinência, pelo sinal do gênio? Entretanto... ela, mais velha do que eu apenas alguns anos, foi a primeira a baixar ao túmulo. Jamais esquecerei sua firmeza de alma e divina resignação.
Há dias, encontrei um jovem de nome V... caráter franco e fisionomia radiante de felicidade. Recentemente saído da universidade, sem considerar-se um sábio, crê, entretanto, saber mais do que os outros. Em pouco tempo, adquiriu uma instrução completa, tendo empregado muito bem o seu tempo, ao que várias vezes pude averiguar. Quando soube que eu desenho muito e conheço o grego (duas coisas que são tidas aqui como fenomenais), procurou ligar-se a mim, desdobrando uma grande erudição, de Batteux a Wood, de Piles a Winckelmann. Assegurara-me haver lido toda a primeira parte da teoria de Sulzer e possuir um manuscrito de Heyne, a respeito da arte antiga. Deixei-o discorrer.
Fiz também relações com um excelente cidadão, cordial e franco: é o comendador do príncipe. Dizem que é um prazer vê-lo no meio de seus nove filhos. Louva, sobretudo, a sua filha mais velha. Ele convidou-me a conhecê-la e eu fui fazer-lhe uma visita. Moram num pavilhão de caça pertencente ao príncipe, distante daqui légua e meia. Para lá se transferiu com a família depois da morte da esposa, porquanto permanecer na vila, e na própria casa onde ela expirou, tornou-se pra ele extremamente penoso.
Afora essas pessoas, acho-me envolvido por algumas criaturas caricatas, nas quais tudo me é insuportável, principalmente suas demonstrações de amizade.
Adeus. Eis uma carta que você há de aprovar, pois tudo nela tem um caráter de história.
Maio, 22
A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda a parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso trabalho visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesquinha existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade, quanto a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo.
As crianças - todos os pedagogos eruditos estão de acordo a este respeito - não sabem a razão daquilo que desejam; também os adultos, da mesma forma que as crianças, caminham vacilantes e ao acaso sobre a terra, ignorando, tanto quanto elas, de onde vêm e para onde vão. Não avançam nunca segundo uma orientação segura; deixam-se governar, como as crianças, por meio de biscoitos, pedaços de bolo e ameaças. E, como agem por essa forma, inconscientemente, parece-me, que se acham subordinados à vida dos sentidos.
Concordo com você (porque já sei que você vai contraditar-me) que os mais felizes são precisamente aqueles que vivem, dia a dia, como as crianças, passeando, despindo e vestindo as suas bonecas; aqueles que rondam, respeitosos, em torno da gaveta onde a mãe guardou os bombons, e quando conseguem agarrar, enfim, as gulodices cobiçadas, devoram-nas com sofreguidão e gritam: “Quero mais!” Eis a gente feliz! Também é feliz a gente que, emprestando nomes pomposos às suas mesquinhas ocupações, e até às suas paixões, conseguem fazê-las passar por gigantescos empreendimentos destinados à salvação e prosperidade do gênero humano. Tanto melhor para os que são assim! Mas aquele que humildemente reconhece o resultado final de todas as coisas, vendo de um lado como o burguês facilmente arranja o seu pequeno jardim e dele faz um paraíso, e, de outro, como o miserável, arfando sob seu fardo, segue o seu caminho sem revoltar-se, mas aspirando todos, do mesmo modo, a enxergar ainda por um minuto a luz do sol... sim, quem isso observa à margem permanece tranqüilo. Também este se representa a seu modo um universo que tira de si mesmo, e também é feliz porque é homem. E, assim, quaisquer que sejam os obstáculos que dificultem seus passos, guarda sempre no coração o doce sentimento de que é livre e poderá, quando quiser, sair da sua prisão.
Junho, 16
A razão por que eu não lhe tenho escrito? E é você que me pergunta, você que se inclui entre os sábios? Pode bem adivinhar que sou feliz, e mesmo... Em duas palavras, conheci alguém que tocou o meu coração. Eu... eu não sei o que diga...
Não é fácil contar-lhe, metodicamente, as circunstâncias que me fizeram conhecer a mais adorável das criaturas. Sinto-me contente, feliz; serei, portanto, um mau narrador.
É um anjo!... Bolas! Já sei que todos dizem isso da sua amada, não é verdade? Entretanto, é-me impossível dizer a você o quanto ela é perfeita, nem por que é tão perfeita. Só isto basta: ela tomou conta de todo o meu ser.
Tanta naturalidade aliada a tão alto espírito de justiça! Tanta bondade aliada a tamanha firmeza! Uma alma tão serena e tão cheia de vida e energia!
Tudo quanto acabo de dizer não passa de pobres abstrações que não dão a menor idéia da sua individualidade. De outra vez... Não; de outra vez, não; é agora que eu quero contar a você tudo quanto acaba de acontecer. Se não contar agora, não contarei nunca mais. Porque, aqui entre nós, três vezes depois que comecei a escrever, estive a pique de descansar a pena, mandar arrear o cavalo e ir vê-la. Entretanto, eu havia jurado a mim mesmo que não iria lá hoje, mas a cada momento vejo-me à janela olhando a que altura ainda está o sol...
Não pude resistir, tive de ir vê-la e eis-me de volta, Wilhelm. Devoro o meu pão com manteiga e escrevo ao mesmo tempo... Que maravilha para a minha alma tê-la visto em meio da algazarra das crianças, seus oito irmãos!
Se continuo a escrever assim, tanto faz a você começar pelo começo como pelo fim. Ouça-me, então! Esforçar-me-ei para dar-lhe todos os pormenores.
Escrevi-lhe a tempos, contando o meu conhecimento com o comendador S..., o que me convidou a fazer-lhe uma visita, o mais cedo possível, em seu retiro, ou melhor, no seu reino. Descuidei-me dessa promessa e talvez lá não teria ido nunca, se o acaso não me tivesse revelado o tesouro que se esconde naquela solidão.
Os jovens daqui organizaram um baile no campo. Aceitei o convite que me foi feito, oferecendo-me como cavalheiro a uma jovem da vila, boa e bonita, mas insignificante quanto ao mais. Combinou-se que eu arranjasse um carro para levar à festa a minha dama e uma prima sua, e, de passagem, apanhássemos Carlota S...
— O senhor vai conhecer uma linda criatura — disse a minha companheira, quando nos dirigíamos, através do bosque imenso e bem cuidado, para o pavilhão de caça.
E a prima acrescentou:
— Não vá apaixonar-se.
— Por quê? — respondi.
— Porque ela já está prometida a um belo rapaz. Ele está de viagem, a fim de
regularizar os seus negócios, pois acaba de perder o pai. E também para arranjar um bom emprego.
Tudo isso deixou-me indiferente.

Lotte
Lotte
Ilustração de Nicolas Chodowiecki

Werther und Lotte
Werther e Lotte
Ilustração de Nicolas Chodowiecki


A morte de Werther, quadro de Baude

__________
Copyright © 1998/2010, Arnaldo Poesia
Bibliografia: Hegel, Georg Wilhelm Friedrich. Estética – A Idéia e o Ideal, Estética – O Belo Artístico ou o Ideal. Hamburgo, Alemanha, 1999. Tradução de Arnaldo Poesia. – Bösch, Bruno. História da Literatura Alemã. São Paulo, Herder/EDUSP, 1967.




Mais um pouco de poesia

andreasheumannxn6.jpgInspiração: O amor natural de Drummond!


Girava
Girava
Girava
A língua no céu da boca.


Em um céu único
eram duas bocas.
Eu, ele, eleeu.


Fogo
Suor
Vulva
Pênis
emancipados de nós.


Lambe
gemidos
atingimos o céu.


Entre gritos, suspiros
rugidos e enfurecidos.
Ah! Corpos nus...




Aline

25.1.10

Ana C. César


Poesia
jardins inabitados pensamentos
pretensas palavras em
pedaços
jardins ausenta-se
a lua figura de
uma falta contemplada
jardins extremos dessa ausência
de jardins anteriores que
recuam
ausência freqüentada sem mistério
céu que recua
sem pergunta


Um beijo - Ana C. César


Um Beijo
que tivesse um blue.
Isto é
imitasse feliz a delicadeza, a sua,
assim como um tropeço
que mergulha surdamente
no reino expresso
do prazer.
Espio sem um ai
as evoluções do teu confronto
à minha sombra
desde a escolha



debruçada no menu;
um peixe grelhado
um namorado
uma água
sem gás
de decolagem:
leitor embevecido
talvez ensurdecido
"ao sucesso"
diria meu censor
"à escuta"
diria meu amor



Fragrância feminina


Ana Cristina César



Ana Cristina César nasceu no Rio de Janeiro, em 1952. Viveu entre Niterói, Copacabana e os jardins do velho Bennet.

Era poeta, tradutora e ensaísta. Alguns autores a consideram como representante da geração da poesia dita marginal. Ao meu ver, Ana Cristina César está além de definições ou rótulos. Era uma escritora intersticial. Não encontramos em sua escrita influências marcantes de outros autores, movimentos ou escolas literárias. Há um estilo Ana Cristina César de escrever. O seu discurso, quase sempre na primeira pessoa do singular, revela-nos sobretudo, um diálogo consigo mesma frente a sua visão e interação com vários mundos. Um mergulho interior amplificado em letras e cores destinados aos olhos de quem sente e percebe a palavra, para além dela própria. Ana Cristina valoriza a inquietude tão inerente, a quem busca na palavra esta tradução e verbalização do ser. Sobre ela, escreveu Cristina Mutarelli "Sua linguagem resiste a ondas e fórmulas fáceis. Ana queria a palavra depurada, decantava as coisas e, sabia, como Manuel Bandeira que extrair o sublime do cotidiano não é tarefa das mais fáceis”.


Residiu em Londres por algum tempo. Quando da sua volta ao Brasil, escreveu para jornais e revistas alternativos. Participou ainda da Antologia 26 Poetas Hoje, de Heloísa Buarque. Era formada em Literatura com Mestrado em Comunicação. Através da Funarte publicou pesquisas sobre literatura e cinema. Seus primeiros livros “Cenas de Abril” e “Correspondência Completa” foram editados através de publicações independentes.


Retorna ainda à Inglaterra, para fazer uma pós-graduação em tradução literária em Essex. Sua tese foi uma tradução do conto “Bliss”, da escritora Katherine Mansfield. É quando publica Luvas de Pelica. Em sua volta para o Brasil trabalhou em jornalismo e televisão. Escreveu “A Teus Pés” em 1982, através da Editora Brasiliense


Seus últimos versos refletem bem a angústia que vivia : "Estou muito compenetrada de meu pânico/ lá dentro tomando medidas preventivas”.


Ana Cristina César suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983. Tinha 31 anos.



Obras:
Cenas de Abril (1979); Correspondência Completa (1979); Literatura não É Documento (1980); Luvas de Pelica (1980); A teus Pés (1982); Inéditos e Dispersos (1982); Escritos da Inglaterra (1988); Escritos no Rio (1993); Correspondência Incompleta (1999).






Por baixo do chuveiro eu amo
sabão e beijos
ou vestidos de água
ou bolhas de sabão.
Amor que escorrega e desliza
água nos olhos, boca e vulva.
Um triângulo no sexo
é água, esperma
é amor no ar.




Amor,amor, amor - o braseiro radiante
que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.
( do poema " Para o sexo a expirar" )
Drummond


O chão

Para um amor urgente
o chão é cama.
No tapete, na mesa
na cozinha ou no elevador.

Não tem lugar.
Ah!
O corpo compõe de corpo
úmidos.

E para repousar
ai sim,
vamos pra cama...

Aline

Inspiração: Livro, " O amor natural de Drummond."

24.1.10

Inspiração



Minha arte...
Minha vida...

Dança!
Vida!
Amor!






O corpo dele

Tudo começou com um sorriso
Apenas boas conversas
Até que surge o esperado
O beijo.

Leve
Delicado
Doce
Saboroso.

Eu não sei ainda explicar
este beijo.
Só sei dizer que foi bom por demais.
Tinha desejo e respeito.

Os beijos se encontravam sempre.
Comecei a desejar cada dia mais
aquele beijo
aquele homem.

Ah...o corpo.
O que mais me chamava a atenção
era o seu abdômen.
Ombro largo...seus braços.

Era um conjunto.
Ombros, braços e abdômen.
Perfeito!

Tive o belo prazer
de ter este corpo nu
nos meus lençóis
ah!este corpo, me levou a suspiros

Sim! Suspiros que chegaram
ao infinito...infinito prazer.
O seu beijo em todas
as minhas partes.
O meu cheiro nele
e o cheiro dele em mim.

Uma sensação
que todos deviam sentir.
Eu apertava sim, com
muito gosto e adoração
aqueles braços fortes
deslizava delicadamente minhas mãos
no abdômen perfeito.

Começava nos ombros
descia pelos braços e caia
no abdômen...
Ah!como sonho
até agora com aquele abdômen.

Cama



Segredos, gozos e cama.
Corpo encontrando corpo
navegando...
Pênis
Ah!!!!
Suspiros
Vagina
Ah!
Suspiros
Silenciam os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos da cama.
Ah!estes segredos...
cheiros...
Lençol amassado.
Cheiro e segredo.
Ah!cheiro e segredo.


                                             Aline



* Inspiração no livro " O amor natural " de Drummond.






Essencial é mesmo o amor?

Sentimento essencial
é só começar,
que todos nós ficamos envolvidos.                                          
Reúne alma e desejo, membro e vulva.

Ousadia dizer que ele é só alma?
E quando gritamos no infinito...
a alma se expande...
O corpo nu entrelaçado noutro.

Ao delicioso toque
em todas as partes
em todos os lugares.
Lençóis se entrelaçam nos corpos suados.

Ao inexplicável toque do clitóris,
onde se tem a fonte, o fogo, o mel e
tudo ali se concentra.
Suspiros.

Penetração chegando nas nuvens...
Morremos um no outro
Prazeres
A pausa dos sentidos, satisfeita.

A paz se reina. A paz dos deuses,
deitados na cama
vestidos de suor, agradecendo
o que os deuses fazem por nós.
Ah! o amor...
Sim! o amor...

Beijava o membro
beijava
e se morria beijando
de prazer
simples
singelo
prazer...

Ah! o prazer
sim...
os prazeres!

Aline

Inspiração do livro "O amor natural".
Carlos Drummond de Andrade.

23.1.10

Amor natural - Carlos Drummond de Andrade

Um livro que perturbará alguns, decepcionará outros e em outros mais reafirmará a admiração por Drummond.
Possui descrição de cenas eróticas numa linguagem desnuda.Iremos perceber um velho sátiro, ao invés de um pacato e sóbrio poeta.
Um livro inquietante...
O limites? Quais? entre a pornografia e o erotismo.O que é impuro para uns não o é para outros.Isto varia com as religiões,épocas e indivíduos.Estudiosos defendem que o erotismo de Drummond tem um fundo místico e se afasta da pornografia.O que falta é a voz feminina e podemos notar em determinados versos.
Está na hora de o erótico fazer parte natural da obra dos poetas.
O vate mesmo diz:
" O amor é palavra essencial." E embora o que se passa na cama seja segredo de quem ama, nunca houve segredo mais repartido que esse em todos os tempos e culturas. E o bom poeta é aquele que ao revelar o seu segredo descobre que ele pertence a todos.
Inspiração:
Affonso Romano de Sant´Anna

Aline




*Irei postar por partes poemas criados por mim,
com inspiração neste livro.
                                                                                  

19.1.10

Brigitte

Pessoal,
Olha que lindo!!!!A paisagem e esta belezura que é a mais nova criação da Ju Padilha! A Brigitte! Eu já estou encomendando a minha!!!
Façam a encomenda tb!Entrem no site!





Entrem:

http://jupadilha.blogspot.com

Beijinhos!!!

18.1.10

Cigana eu sou...

Nem é fada, mas vive em contos
se diz criança,
que importa os anos.


A musica hipnotiza...
Ciganas entram na roda...

Blog de seis-poetas-um-olhar :MAGOS DA POESIA, CIGANA - Neusa FontesAcredite sou cigana...
Não pense que estou a te enganar...
Beba esta taça de vinho...

Sou eu cigana da sedução...
Nesta noite de luar.                                                      



Em volta desta fogueira...
Embaixo desta Lua cheia...
Cantamos e dançamos...
A noite inteira...

as ciganas bem enfeitadas...
Dançam e tocam suas castanholas...



                                                 Aline




Liberdade

Nós Ciganos só temos uma religião: a liberdade.
Em troca dela renunciamos à riqueza, ao poder, à ciência e à sua glória.
Vivemos cada dia como se fosse o último.
Quando se morre, se deixa tudo: um miserável carroção ou um grande império.
E nós cremos que naquele momento é muito melhor termos sido Ciganos do que reis.
Não pensamos na morte. Não a tememos, eis tudo.
O nosso segrêdo está em gozar a cada dia as pequenas coisas
que a vida nos oferece e que os outros homens não sabem apreciar:
uma manhã de sol, um banho na nascente,
o olhar de alguém que nos ama.
É difícil entender estas coisas, eu sei. Ciganos se nasce.
Gostamos de caminhar sob as estrelas.
Contam-se coisas estranhas sobre os Ciganos.
Dizem que leem o futuro nas estrelas
e que possuem o filtro do amor.
As pessoas não creem nas coisas que não sabem explicar.
Nós, ao contrário, não procuramos explicar as coisas nas quais cremos.
A nossa é uma vida simples, primitiva.
Basta-nos ter o céu por telhado,
um fogo para nos aquecer
e as nossas canções, quando estamos tristes.

Autor desconhecido

15.1.10

Prosa em Verso


DESEJO
Victor Hugo
Desejo, primeiro, que você ame,
e que, amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer
e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que você tenha amigos
que, mesmo maus e inconsequentes,
sejam corajosos e fiéis,
e que pelo menos em um deles
você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
desejo ainda que você tenha inimigos,
nem muitos, nem poucos,
mas na medida exata para que, algumas vezes,você se interpele a respeito
de suas próprias certezas.
E que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo, depois, que você seja útil,
mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente,
e que fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
não amadureça depressa demais,
e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer,
e que, sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
é preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste.
não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
que o riso diário é bom,
o riso habitual é insosso
e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,
com a máxima urgëncia,
acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
erguer triunfante o seu canto matinal,
porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
por mais minúscula que seja,
e acompenhe o seu crescimento,
para que você saiba de quantas
muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
coloque um pouco dele
na sua frente e diga "isso é meu",
só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
por ele e por você,
mas que se morrer, você possa chorar
sem se lamentar, sofrer e sem se culpar.

Desejo por fim que você, sendo um homem,
tenha uma boa mulher,
e que, sendo uma mulher,
tenha um bom homem
e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte,e quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
não tenho mais a te desejar.


Flores


Sempre flores

Ah! Como amo receber flores!!!
São tão graciosas..lindas e formosas..um aroma no ar...uma felicidade no meu ser!
Flores!