1.9.10

Poesia - tabagista - Jacques Prévert



São distintas fumaças, suas cores, cheiros e os arabescos que dela desprendem…




Minha fumaça, não a confundo com a dos outros cigarros.



O primeiro cigarro do dia, logo após o café, é uma oração.



Eleva-se no céu da manhã e se expande pelos meus alvéolos.



Jacques Prévert foi levado por um câncer no pulmão.
                                                              
                               CAFÉ DA MANHÃ




Pôs café

na xícara

Pôs leite

na xícara com café

Pôs açúcar

no café com leite

Com a colherzinha

mexeu

Bebeu o café com leite

E pôs a xícara no pires

Sem me falar

acendeu

um cigarro

Fez círculos

com a fumaça

Pôs as cinzas

no cinzeiro

Sem me falar

Sem me olhar

Levantou-se

Pôs

o chapéu na cabeça

Vestiu

a capa de chuva

porque chovia

E saiu

debaixo de chuva

Sem uma palavra

Sem me olhar

Quanto a mim pus

a cabeça entre as mãos

E chorei.


DÉJEUNER DU MATIN                                          



Il a mis le café

Dans la tasse

Il a mis le lait

Dans la tasse de café

Il a mis le sucre

Dans le café au lait

Avec le petit cuiller

Il a tourné

Il a bu le café au lait

Et il a resposé la tasse

Sans me parler

Il a alumé

Une cigarrette

Il a fait des ronds

Avec la fumée

Il a mis des cendres

Dans le cendrier

Sans me parler

Sans me regarder

Il s’est levé

Il a mis

Son chapeau sur la tête

Il a mis

Son manteau de pluie

Parce qu’il pleuvait

Il est parti

Sous la pluie

Sans une parole

Sans me regarder

E moi j’ai pris

Ma tête dans ma main

E j’ai pleuré.


Um comentário:

Anônimo disse...

Déjeuner du Matin é uma das coisas mais lindas já escritas. Amo Jacques Prévert!

Postar um comentário