18.11.09

O panteísmo de Wordsworth(1770-1850)




Síntese produzida por Aline Spíndola.


O romantismo procurou irromper durante toda a Época da Razão: o século XVIII teve uma série de rebeldes, individualistas, loucos que empenharam-se em uma literatura do instinto, da emoção, do entusiasmo e tentaram retornar ao antigo caminho dos elisabetanos.



William Wordsworth

A partir de 1787, Wordsworth estudou em Cambridge e, entre os anos de 1790 e 1792, viajou através da Europa, convertendo-se ao ideal revolucionário francês.
Em 1798 foi publicada as Lyrical Ballads, que continham poemas de William Wordsworth e de Samuel Taylor Coleridge, pretendendo-se um projeto conjunto em que o primeiro iria dedicar-se a uma linguagem simples,coloquial e próxima do povo,enquanto o segundo iria ocupar-se do chamado “ romantismo sobrenatural” .
O projeto, no entanto,não se concretiza devido a um desentendimento entre os poetas.
A segunda edição da obra foi publicada apenas com os poemas de Wordsworth e com um prefácio explicativo.Esse prefácio ganhou uma qualidade de manifesto do movimento romântico na Inglaterra.
No prefácio, William W. coloca como seu principal objetivo selecionar incidentes e situações da vida comum,para descrevê-los em uma linguagem “realmente usada pelos homens” que é simples e que não deixa de ser depurada de seus” reais defeitos”.
O autor coloca que uma boa poesia é o “ extravasamento espontâneo de sentimentos poderosos”, mas que o poeta deve possuir algo além da sensibilidade orgânica, o pensamento profundo e a reflexão prolongada.
O vate não é diferente do homem comum em espécie, mas apenas em grau.Para ele, o metro e a irregularidade rítmica não são uma espécie de algema que aprisiona o sentimento do poeta, mas sim um estilo regular e uniforme onde correm os sentimentos.
A POESIA, como a propõe Wordsworth,nasce de sentimentos espontâneos,mas não sem antes passar por uma espécie de depuração, que é a própria reflexão do poeta.

O panteísmo de Wordsworth(1770-1850)
Sua profissão era ser poeta;ele não tinha nenhuma outra atividade.Em contato com os bosques e as montanhas, lagos e árvores de seu condado ao nordeste de Cumberland, ou de regiões menos agrestes, adquire a consciência de que há:
“ Uma presença que me perturba com a alegria
De pensamentos elevados, um sentido sublime
De algo profundamente misturado,
Cuja morada é a luz dos sóis poentes,
E o oceano em volta e o ar vivo,
E o céu azul, e a mente do homem.”
O homem e a natureza se fundem através da participação em um único “ ser poderoso”, de modo que os objetos naturais mais elementares se “humanizam”:
“ O pássaros a meu redor saltitavam e brincavam,
Não posso medir seus pensamentos: Mas o menos
Movimento que faziam,
Precia um frêmito de prazer.”
Wordsworth não é nem cristão, nem teísta, nem racionalista. Podemos dizer que é um panteísta,alguém que identifica o universo natural com Deus e nega, portanto, que Deus estiga acima de todas as coisas ou possua uma “ personalidade” à parte.
Ninguém pode ser mais eloqüente do que Wordsworth, mas ele também é levado, ao tentar ser muito simples e “ cotidiano”, a produzir banalidades do seguinte teor:
“ Falamos com o coração aberto,e a língua
Afetuosa e verdadeira,
Dois amigos, embora eu fosse jovem,
E Mathew tivesse setenta e dois.”
Por fim, Wordsworth via as crianças- ainda não estragadas pela educação, não corrompidas pelo mundo- como as verdadeiras depositárias da virtude e até mesmo da sabedoria, e sua grande ode-
“ Anúncios de imortalidade” em Reminiscências da primeira infância- fixa sua crença de maneira eloqüente.
Ele tem uma linguagem própria, sua descrições naturais tem frescor e uma qualidade imediata; é um vate de cenas particulares, não de uma imagem geral abstrata. Nenhum outro poeta captou como ele a cor e o cheiro das flores, ou o sabor da primavera. Tecnicamente, ele possui um espectro bastante amplo: o verso branco de O prelúdio e A excursão, dois longos poemas autobiográficos, embora deva algo a Milton,emerge como algo que pertence intimamente a Wordsworth; a forma italiana do soneto e o metro pindárico livre também são usados com maestria.
Wordsworth, quando falha, o faz mais desastrosamente do que qualquer outro grande poeta; Mas seus êxitos mais freqüentes são tão esplêndidos quanto os de Shakespeare.
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Wordsworth porpõe uma poesia que, mesmo sendo espontânea,é fruto de um trabalho racional,de uma depuração que acontece na mente do poeta.


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