Síntese produzida por Aline Spíndola.
O romantismo procurou irromper durante toda a Época da Razão: o
século XVIII teve uma série de rebeldes, individualistas, loucos que
empenharam-se em uma literatura do instinto, da emoção, do entusiasmo e
tentaram retornar ao antigo caminho dos elisabetanos.
William Wordsworth
A partir de
1787, Wordsworth estudou em Cambridge e, entre os anos de 1790 e 1792, viajou através da Europa,
convertendo-se ao ideal revolucionário francês.
Em 1798 foi
publicada as Lyrical Ballads, que continham poemas de William Wordsworth e de
Samuel Taylor Coleridge, pretendendo-se um projeto conjunto em que o primeiro
iria dedicar-se a uma linguagem simples,coloquial e próxima do povo,enquanto o
segundo iria ocupar-se do chamado “ romantismo sobrenatural” .
O projeto,
no entanto,não se concretiza devido a um desentendimento entre os poetas.
A segunda
edição da obra foi publicada apenas com os poemas de Wordsworth e com um
prefácio explicativo.Esse prefácio ganhou uma qualidade de manifesto do
movimento romântico na Inglaterra.
No
prefácio, William W. coloca como seu principal objetivo selecionar incidentes e
situações da vida comum,para descrevê-los em uma linguagem “realmente usada
pelos homens” que é simples e que não deixa de ser depurada de seus” reais defeitos”.
O autor
coloca que uma boa poesia é o “ extravasamento espontâneo de sentimentos
poderosos”, mas que o poeta deve possuir algo além da sensibilidade orgânica, o
pensamento profundo e a reflexão prolongada.
O vate não
é diferente do homem comum em espécie, mas apenas em grau.Para ele, o metro e a
irregularidade rítmica não são uma espécie de algema que aprisiona o sentimento
do poeta, mas sim um estilo regular e uniforme onde correm os sentimentos.
A POESIA,
como a propõe Wordsworth,nasce de sentimentos espontâneos,mas não sem antes
passar por uma espécie de depuração, que é a própria reflexão do poeta.
O panteísmo de Wordsworth(1770-1850)
Sua
profissão era ser poeta;ele não tinha nenhuma outra atividade.Em contato com os
bosques e as montanhas, lagos e árvores de seu condado ao nordeste de
Cumberland, ou de regiões menos agrestes, adquire a consciência de que há:
“ Uma
presença que me perturba com a alegria
De
pensamentos elevados, um sentido sublime
De algo
profundamente misturado,
Cuja morada
é a luz dos sóis poentes,
E o oceano
em volta e o ar vivo,
E o céu
azul, e a mente do homem.”
O homem e a
natureza se fundem através da participação em um único “ ser poderoso”, de modo
que os objetos naturais mais elementares se “humanizam”:
“ O pássaros
a meu redor saltitavam e brincavam,
Não posso
medir seus pensamentos: Mas o menos
Movimento
que faziam,
Precia um
frêmito de prazer.”
Wordsworth
não é nem cristão, nem teísta, nem racionalista. Podemos dizer que é um
panteísta,alguém que identifica o universo natural com Deus e nega, portanto,
que Deus estiga acima de todas as coisas ou possua uma “ personalidade” à parte.
Ninguém
pode ser mais eloqüente do que Wordsworth, mas ele também é levado, ao tentar
ser muito simples e “ cotidiano”, a produzir banalidades do seguinte teor:
“ Falamos
com o coração aberto,e a língua
Afetuosa e
verdadeira,
Dois
amigos, embora eu fosse jovem,
E Mathew
tivesse setenta e dois.”
Por fim,
Wordsworth via as crianças- ainda não estragadas pela educação, não corrompidas
pelo mundo- como as verdadeiras depositárias da virtude e até mesmo da
sabedoria, e sua grande ode-
“ Anúncios
de imortalidade” em Reminiscências da primeira infância- fixa sua crença de
maneira eloqüente.
Ele tem uma
linguagem própria, sua descrições naturais tem frescor e uma qualidade
imediata; é um vate de cenas particulares, não de uma imagem geral abstrata.
Nenhum outro poeta captou como ele a cor e o cheiro das flores, ou o sabor da
primavera. Tecnicamente, ele possui um espectro bastante amplo: o verso branco
de O prelúdio e A excursão, dois longos poemas autobiográficos, embora deva
algo a Milton,emerge como algo que pertence intimamente a Wordsworth; a forma
italiana do soneto e o metro pindárico livre também são usados com maestria.
Wordsworth,
quando falha, o faz mais desastrosamente do que qualquer outro grande poeta;
Mas seus êxitos mais freqüentes são tão esplêndidos quanto os de Shakespeare.
Wordsworth
porpõe uma poesia que, mesmo sendo espontânea,é fruto de um trabalho
racional,de uma depuração que acontece na mente do poeta.
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