22.11.09
Queda
Mário de Sá Carneiro
E eu que sou o rei de toda esta incoerência,
Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la
E giro até partir ... mas tudo me resvala
Em bruma e sonolência.
Se acaso em minhas mãos fica um pedaço de oiro,
Volve-se logo falso ... ao longe o arremesso...
Eu morro de desdém em frente dum tesoiro,
Morro á mingua, de excesso.
Alteio-me na cor à força de quebranto,
Estendo os braços de alma – e nem um espasmo venço!...
Peneiro-me na sombra – em nada me condenso...
Agonias de luz eu viro ainda entanto.
Não me pude vencer, mas posso-me esmagar,
vencer às vezes é o mesmo que tombar –
e como inda sou luz, num grande retrocesso,
em raivas ideais ascendo até ao fim:
olho do alto o gelo, ao gelo me arremesso ...
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Tombei ....
E fico só esmagado sobre mim !...
Nada é verdadeiro, em incoerência retrata o seu próprio "eu".Apesar da incoerência,vibra luz.Enxerga os cósmos.Dualidade de si mesmo.Pontilhado indica ideia de alguém se arremessando.Na duplicação do eu,um eu em cima de mim(fragmentação de vários eus. Se quebram como espelhos.O tédio é a base de sustentação.
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