26.1.10

Goethe




~ Leitura de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" ~
(1774, romance epistolar)


Um certo estado de alma, um sentimento particular, pode apossar-se de um poeta e impor-lhe, por assim dizer, a expressão e a representação, numa forma minuciosa ou resumida, de sentimentos que se referem a circunstâncias e eventos exteriores: festas, vitórias, etc. O exemplo mais típico deste gênero é dado pelas Odes de Píndaro que são, no sentido mais autêntico da palavra, poesias de circunstância. Goethe, por sua vez, utilizou muitas situações deste gênero e até se pode, alargando o quadro, considerar Werther como um poema de circunstância.
Ao escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe produziu uma obra de arte a que deu, como conteúdo, as suas próprias aflições e seus tormentos, os seus próprios estados de alma, procedendo como todo poeta lírico que, ao procurar aliviar o coração, exprime aquilo de que é afetado enquanto sujeito. Graças a isso, o que era interior imobilidade acha-se livre e transforma-se num objeto exterior de que a pessoa se libertou. Do mesmo modo as lágrimas servem de derivativo à dor do que, por assim dizer, se esvai através delas. Como ele mesmo o disse, Goethe escreveu o Werther para se libertar da angústia íntima, e conseguiu-o.
Em tais situações líricas, pode refletir-se, por um lado, um estado objetivo, uma atividade referenciada ao mundo exterior, e, por outro lado, um estado da alma que, desligando-se de tudo o que é exterior, regressa a si mesma e torna-se o ponto de partida de estados internos e de sentimentos profundos.
Werther
Werther
Ilustração de Nicolas Chodowiecki


~ Leia um capítulo ~
Primeira parte
“Juntei cuidadosamente tudo quanto me foi possível recolher a respeito do pobre Werther, e aqui vos ofereço, certo de que me agradecereis. Sei, também, que não podereis recusar vossa admiração e amizade ao seu espírito e caráter, vossas lágrimas ao seu destino.
E a ti, homem bom, que sentes as mesmas angústias do desventurado Werther, possas tu encontrar alguma consolação em seus sofrimentos! Que este pequeno livro te seja um amigo, se a sorte ou a tua própria culpa não permitem que encontres outro mais à mão!”
(Goethe, na apresentação de Os Sofrimentos do Jovem Werther)

Maio, 4
Alegre, eu, por haver partido! Meu caro amigo, que é então o coração humano? Separar-me de você, que tanto estimo, você, de quem eu era inseparável, e andar contente! Mas eu sei que me há de perdoar. Longe de você, todas as minhas relações não parecem expressamente escolhidas pelo destino para atormentar um coração como o meu? Pobre Leonor! E, no entanto, eu não sou culpado. Cabe-me alguma culpa se, procurando distrair-me com as suas faceirices, a paixão nasceu no coração da sua irmã? Entretanto... serei eu inteiramente irrepreensível? Não procurei alimentar os seus sentimentos? Eu mesmo não me divertia com o seu modo inocente e sincero de expressá-los, que tantas vezes nos fez rir, quando na verdade não havia motivos para riso? Não... Que é o homem, para ousar lamentar-se a respeito de si mesmo? Meu amigo, prometo emendar-me. Não mais, como foi sempre meu costume, repisarei os aborrecimentos miúdos que a sorte nos reserva. Quero fruir o presente e considerar o passado como o passado. Você tem razão: os homens sofreriam menos se não se aplicassem tanto (e Deus sabe por que eles são assim!) a invocar os males idos e vividos, em vez de esforçar-se por tornar suportável um presente medíocre.
Tenha a bondade de dizer à minha mãe que me ocuparei, da melhor forma possível, do negócio de que ela me incumbiu e mandarei notícias dentro em breve. Avistei-me com minha tia; não a achei tão má como a pintam em nossa casa. É uma mulher vivaz, arrebatada, mas de excelente coração. Expus-lhe os prejuízos causados à minha mãe pela retenção da parte que lhe cabe na herança; minha tia contou-me os motivos, dizendo-me as condições mediante as quais está disposta a enviar-nos tudo quanto reclamamos, e até mais alguma coisa. A respeito, é o que há por hoje; fale à minha mãe que tudo se arranjará. Esse pequeno caso, meu amigo, demonstrou-me, ainda uma vez, que os mal-entendidos e a indolência talvez produzam mais discórdias no mundo do que a duplicidade e a maldade; pelo menos, estas duas últimas são mais raras.
Quanto ao resto, sinto-me aqui perfeitamente bem. A solidão, neste verdadeiro paraíso, é um bálsamo para o meu coração sempre fremente, que transborda ao calor exuberante da primavera. Cada árvore, cada jardim forma um tufo de flores, e a gente têm vontade de transformar-se em abelha para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o único alimento.
A vila, em si mesma, é pouco agradável, mas em compensação os arredores oferecem belezas naturais indescritíveis. Foi o que decidiu o finado Conde de M... a construir seu jardim sobre uma das colinas, que se entrecruzam de modo variado e encantador, formando encostas e vales deliciosos. O jardim é simples; aí penetrando, sente-se logo que não foi um hábil jardineiro quem lhe traçou o plano, mas um coração sensível, desejoso de concentrar-se em si mesmo naquele recanto. Já consagrei mais de uma lágrima à memória do conde, no pequeno pavilhão em ruínas, seu retiro predileto, e que é também o meu. Dentro em pouco serei o dono do jardim. O jardineiro, nestes poucos dias, já se fez meu amigo e não há de arrepender-se.
Maio, 10
Minha alma inunda-se de uma serenidade maravilhosa, harmonizando-se com a das doces manhãs primaveris que procuro fruir com todas as minhas forças. Estou só e abandono-me à alegria de viver nesta região criada para as almas iguais à minha. Sou tão feliz, meu amigo, e de tal modo mergulhado no tranqüilo sentimento da minha própria existência, que esqueci a minha arte. Neste momento, ser-me-ia impossível desenhar a coisa mais simples; e, no entanto, nunca fui tão grande pintor. Quando, em torno de mim os vapores do meu vale querido se elevam, e o sol a pino procura devassar a impenetrável penumbra da minha floresta, mas apenas alguns dos raios conseguem insinuar-se no fundo deste santuário; quando, à beira da cascata, ocultas sob arbustos, descubro rente ao chão mil diferentes espécies de plantas; quando sinto mais perto do meu coração o formigar de um pequeno universo escondido embaixo das folhagens, e são insetos, moscardos de formas inumeráveis cuja variedade desafia o observador, e sinto a presença do Todo Poderoso que nos criou à sua imagem, o sopro do Todo-Amante que nos sustenta e faz flutuar num mundo de tenras delícias; então, meu amigo, é quando o meu olhar amortece, e o mundo em redor, e o céu infinito adormecem inteiramente na minha alma como a imagem da bem-amada; muitas vezes, então, um desejo ardente me arrebata e digo a mim mesmo: “Oh! Se tu pudesses exprimir tudo isso! Se pudesses exalar, ao menos, e fixar no papel tudo quanto palpita dentro de ti com tanto calor e plenitude, de modo que essa obra se tornasse o espelho de tua alma, como tua alma é o espelho de Deus!...” Meu amigo! Este arroubamento me faz desfalecer; sucumbo sob a força dessas visões magníficas.
Maio, 12
Não sei se os espíritos enganadores visitam estes lugares, ou se é meu ardente coração que produz esta ilusão celestial; tudo o que me cerca parece um paraíso. Nos arredores da vila encontra-se uma fonte para a qual, como Melusina e suas irmãs, atrai uma espécie de enfeitiçamento. Descendo uma colina, a gente estaca diante de um arco; embaixo, ao fim de vinte degraus, a água brota, cristalina, de um bloco de mármore. O muro que a envolve um pouco mais no alto, as grandes árvores que lhe sombreiam os arredores, a frescura desse local, tudo isso fascina e ao mesmo tempo causa um frêmito misterioso. Não há dia em que eu não repouse ali, pelo menos uma hora. Vejo as moças que saem da vila para buscar água, a mais comum e a mais necessária das tarefas, outrora praticada pelas próprias filhas dos reis. Quando fico sentado naquele lugar, é como se em redor de mim ressurgissem os costumes patriarcais, os tempos em que os nossos ancestrais se conheciam e noivavam juntos dos poços, e os gênios benfazejos adejavam em torno das fontes e nascentes. Aquele que for incapaz de sentir isto como eu jamais bebeu novas forças na água fresca de uma fonte, depois de uma penosa caminhada a pé, em pleno verão!
Maio, 15
A gente humilde do lugar já me conhece e estima, sobretudo as crianças. A princípio, quando os abordava e interrogava, amigavelmente, a respeito disto ou daquilo, alguns, supondo que era para troçar deles, me repeliam rudemente. Eu não desistia; porém, isto me fez sentir mais vivamente a verdade de uma observação por mim muitas vezes feita. As pessoas de condição elevada mantêm habitualmente uma fria reserva para com a gente comum, só pelo temor de diminuir-se com essa aproximação. Além disso, há os imprudentes que só fingem condescendência para melhor ferir, com seus modos arrogantes, a gente humilde.
Bem sei que não somos, nem podemos ser todos iguais; sustento, porém, que aquele que julga necessário, para se fazer respeitar, distanciar-se do que nós chamamos povo é tão digno de lástima como o covarde que se esconde à aproximação do inimigo, de medo de ser vencido.
Ultimamente, ao vir à fonte, aí encontrei uma jovem criada que havia depositado o seu pote no último degrau, aguardando uma companheira que a ajudasse a pô-lo à cabeça. Desci e perguntei-lhe, encarando-a: “Quer que a ajude, minha filha?” Ela ruborizou-se: “Oh, não, senhor!” Respondi-lhe: “Vamos, sem cerimônia!” Ela ajeitou a rodinha, ajudei-a; a moça agradeceu-me e lá se foi, escada acima.
Maio, 17
Tenho feito toda a sorte de relações, mas ainda não encontrei a sociedade. Não sei o que em mim atrai todo mundo: são tantos os que a mim se prendem que chego a aborrecer-me por não poder dar a todos maiores atenções.
Se você me perguntar como é a gente daqui, serei forçado a responder: “A mesma de toda a parte”. Como a espécie humana é uniforme! A maioria sofre durante quase todo o seu tempo, apenas para poder viver, e aos poucos lazeres que lhe restam são tão cheios de preocupações que ela procura todos os meios de aliviá-las. Oh!, destino do homem!
Apesar disso, são excelentes pessoas. Muitas vezes chego a esquecer-me de mim mesmo para participar, com elas, dos prazeres acessíveis às criaturas humanas; uma alegre reunião em torno da mesa modestamente servida, onde reina a cordialidade mais franca; uma excursão de carro, um baile improvisado etc. Sinto-me muito bem nesse meio, contanto que não me lembre de um mundo de aspirações adormecidas no mais íntimo do meu ser, entorpecendo-se pela inação, e que eu preciso ocultar com todo o cuidado. Ah! Como isso me aperta o coração! E, no entanto, ser incompreendido é o destino de todos aqueles que se parecem comigo.
Ah! Por que a amiga da minha juventude está morta? Por que cheguei a conhecê-la? Poderia dizer a mim mesmo: “És um insensato em busca daquilo que não se encontra neste mundo.”
Mas eu o encontrei, senti junto de mim um coração, uma alma eleita, junto dos quais eu acreditava superar-me, tornando-me tudo aquilo que serei capaz de ser. Ó grande Deus, haverá, então, uma só das faculdades da minha alma que não possa ser aproveitada? Perante ela, não podia eu desdobrar inteiramente esta maravilhosa sensibilidade graças à qual meu coração envolve toda a natureza? Não ofereciam nossas conversações uma constante mistura dos mais delicados sentimentos e do mais agudo espírito, assinalando-se em todas as sua modalidades, até na impertinência, pelo sinal do gênio? Entretanto... ela, mais velha do que eu apenas alguns anos, foi a primeira a baixar ao túmulo. Jamais esquecerei sua firmeza de alma e divina resignação.
Há dias, encontrei um jovem de nome V... caráter franco e fisionomia radiante de felicidade. Recentemente saído da universidade, sem considerar-se um sábio, crê, entretanto, saber mais do que os outros. Em pouco tempo, adquiriu uma instrução completa, tendo empregado muito bem o seu tempo, ao que várias vezes pude averiguar. Quando soube que eu desenho muito e conheço o grego (duas coisas que são tidas aqui como fenomenais), procurou ligar-se a mim, desdobrando uma grande erudição, de Batteux a Wood, de Piles a Winckelmann. Assegurara-me haver lido toda a primeira parte da teoria de Sulzer e possuir um manuscrito de Heyne, a respeito da arte antiga. Deixei-o discorrer.
Fiz também relações com um excelente cidadão, cordial e franco: é o comendador do príncipe. Dizem que é um prazer vê-lo no meio de seus nove filhos. Louva, sobretudo, a sua filha mais velha. Ele convidou-me a conhecê-la e eu fui fazer-lhe uma visita. Moram num pavilhão de caça pertencente ao príncipe, distante daqui légua e meia. Para lá se transferiu com a família depois da morte da esposa, porquanto permanecer na vila, e na própria casa onde ela expirou, tornou-se pra ele extremamente penoso.
Afora essas pessoas, acho-me envolvido por algumas criaturas caricatas, nas quais tudo me é insuportável, principalmente suas demonstrações de amizade.
Adeus. Eis uma carta que você há de aprovar, pois tudo nela tem um caráter de história.
Maio, 22
A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda a parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso trabalho visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesquinha existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade, quanto a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo.
As crianças - todos os pedagogos eruditos estão de acordo a este respeito - não sabem a razão daquilo que desejam; também os adultos, da mesma forma que as crianças, caminham vacilantes e ao acaso sobre a terra, ignorando, tanto quanto elas, de onde vêm e para onde vão. Não avançam nunca segundo uma orientação segura; deixam-se governar, como as crianças, por meio de biscoitos, pedaços de bolo e ameaças. E, como agem por essa forma, inconscientemente, parece-me, que se acham subordinados à vida dos sentidos.
Concordo com você (porque já sei que você vai contraditar-me) que os mais felizes são precisamente aqueles que vivem, dia a dia, como as crianças, passeando, despindo e vestindo as suas bonecas; aqueles que rondam, respeitosos, em torno da gaveta onde a mãe guardou os bombons, e quando conseguem agarrar, enfim, as gulodices cobiçadas, devoram-nas com sofreguidão e gritam: “Quero mais!” Eis a gente feliz! Também é feliz a gente que, emprestando nomes pomposos às suas mesquinhas ocupações, e até às suas paixões, conseguem fazê-las passar por gigantescos empreendimentos destinados à salvação e prosperidade do gênero humano. Tanto melhor para os que são assim! Mas aquele que humildemente reconhece o resultado final de todas as coisas, vendo de um lado como o burguês facilmente arranja o seu pequeno jardim e dele faz um paraíso, e, de outro, como o miserável, arfando sob seu fardo, segue o seu caminho sem revoltar-se, mas aspirando todos, do mesmo modo, a enxergar ainda por um minuto a luz do sol... sim, quem isso observa à margem permanece tranqüilo. Também este se representa a seu modo um universo que tira de si mesmo, e também é feliz porque é homem. E, assim, quaisquer que sejam os obstáculos que dificultem seus passos, guarda sempre no coração o doce sentimento de que é livre e poderá, quando quiser, sair da sua prisão.
Junho, 16
A razão por que eu não lhe tenho escrito? E é você que me pergunta, você que se inclui entre os sábios? Pode bem adivinhar que sou feliz, e mesmo... Em duas palavras, conheci alguém que tocou o meu coração. Eu... eu não sei o que diga...
Não é fácil contar-lhe, metodicamente, as circunstâncias que me fizeram conhecer a mais adorável das criaturas. Sinto-me contente, feliz; serei, portanto, um mau narrador.
É um anjo!... Bolas! Já sei que todos dizem isso da sua amada, não é verdade? Entretanto, é-me impossível dizer a você o quanto ela é perfeita, nem por que é tão perfeita. Só isto basta: ela tomou conta de todo o meu ser.
Tanta naturalidade aliada a tão alto espírito de justiça! Tanta bondade aliada a tamanha firmeza! Uma alma tão serena e tão cheia de vida e energia!
Tudo quanto acabo de dizer não passa de pobres abstrações que não dão a menor idéia da sua individualidade. De outra vez... Não; de outra vez, não; é agora que eu quero contar a você tudo quanto acaba de acontecer. Se não contar agora, não contarei nunca mais. Porque, aqui entre nós, três vezes depois que comecei a escrever, estive a pique de descansar a pena, mandar arrear o cavalo e ir vê-la. Entretanto, eu havia jurado a mim mesmo que não iria lá hoje, mas a cada momento vejo-me à janela olhando a que altura ainda está o sol...
Não pude resistir, tive de ir vê-la e eis-me de volta, Wilhelm. Devoro o meu pão com manteiga e escrevo ao mesmo tempo... Que maravilha para a minha alma tê-la visto em meio da algazarra das crianças, seus oito irmãos!
Se continuo a escrever assim, tanto faz a você começar pelo começo como pelo fim. Ouça-me, então! Esforçar-me-ei para dar-lhe todos os pormenores.
Escrevi-lhe a tempos, contando o meu conhecimento com o comendador S..., o que me convidou a fazer-lhe uma visita, o mais cedo possível, em seu retiro, ou melhor, no seu reino. Descuidei-me dessa promessa e talvez lá não teria ido nunca, se o acaso não me tivesse revelado o tesouro que se esconde naquela solidão.
Os jovens daqui organizaram um baile no campo. Aceitei o convite que me foi feito, oferecendo-me como cavalheiro a uma jovem da vila, boa e bonita, mas insignificante quanto ao mais. Combinou-se que eu arranjasse um carro para levar à festa a minha dama e uma prima sua, e, de passagem, apanhássemos Carlota S...
— O senhor vai conhecer uma linda criatura — disse a minha companheira, quando nos dirigíamos, através do bosque imenso e bem cuidado, para o pavilhão de caça.
E a prima acrescentou:
— Não vá apaixonar-se.
— Por quê? — respondi.
— Porque ela já está prometida a um belo rapaz. Ele está de viagem, a fim de
regularizar os seus negócios, pois acaba de perder o pai. E também para arranjar um bom emprego.
Tudo isso deixou-me indiferente.

Lotte
Lotte
Ilustração de Nicolas Chodowiecki

Werther und Lotte
Werther e Lotte
Ilustração de Nicolas Chodowiecki


A morte de Werther, quadro de Baude

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Copyright © 1998/2010, Arnaldo Poesia
Bibliografia: Hegel, Georg Wilhelm Friedrich. Estética – A Idéia e o Ideal, Estética – O Belo Artístico ou o Ideal. Hamburgo, Alemanha, 1999. Tradução de Arnaldo Poesia. – Bösch, Bruno. História da Literatura Alemã. São Paulo, Herder/EDUSP, 1967.




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