25.1.10

Fragrância feminina


Ana Cristina César



Ana Cristina César nasceu no Rio de Janeiro, em 1952. Viveu entre Niterói, Copacabana e os jardins do velho Bennet.

Era poeta, tradutora e ensaísta. Alguns autores a consideram como representante da geração da poesia dita marginal. Ao meu ver, Ana Cristina César está além de definições ou rótulos. Era uma escritora intersticial. Não encontramos em sua escrita influências marcantes de outros autores, movimentos ou escolas literárias. Há um estilo Ana Cristina César de escrever. O seu discurso, quase sempre na primeira pessoa do singular, revela-nos sobretudo, um diálogo consigo mesma frente a sua visão e interação com vários mundos. Um mergulho interior amplificado em letras e cores destinados aos olhos de quem sente e percebe a palavra, para além dela própria. Ana Cristina valoriza a inquietude tão inerente, a quem busca na palavra esta tradução e verbalização do ser. Sobre ela, escreveu Cristina Mutarelli "Sua linguagem resiste a ondas e fórmulas fáceis. Ana queria a palavra depurada, decantava as coisas e, sabia, como Manuel Bandeira que extrair o sublime do cotidiano não é tarefa das mais fáceis”.


Residiu em Londres por algum tempo. Quando da sua volta ao Brasil, escreveu para jornais e revistas alternativos. Participou ainda da Antologia 26 Poetas Hoje, de Heloísa Buarque. Era formada em Literatura com Mestrado em Comunicação. Através da Funarte publicou pesquisas sobre literatura e cinema. Seus primeiros livros “Cenas de Abril” e “Correspondência Completa” foram editados através de publicações independentes.


Retorna ainda à Inglaterra, para fazer uma pós-graduação em tradução literária em Essex. Sua tese foi uma tradução do conto “Bliss”, da escritora Katherine Mansfield. É quando publica Luvas de Pelica. Em sua volta para o Brasil trabalhou em jornalismo e televisão. Escreveu “A Teus Pés” em 1982, através da Editora Brasiliense


Seus últimos versos refletem bem a angústia que vivia : "Estou muito compenetrada de meu pânico/ lá dentro tomando medidas preventivas”.


Ana Cristina César suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983. Tinha 31 anos.



Obras:
Cenas de Abril (1979); Correspondência Completa (1979); Literatura não É Documento (1980); Luvas de Pelica (1980); A teus Pés (1982); Inéditos e Dispersos (1982); Escritos da Inglaterra (1988); Escritos no Rio (1993); Correspondência Incompleta (1999).


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